Enquanto o final de semana não vem, aproveito para escrever aqui sobre um dos meus filmes preferidos de todos os tempos, e, se o critério for “filme com temática gay”, aí passa a ser o número um da minha lista pessoal: Plata Quemada (2000).
Já ouvira falar muito bem do filme à época do seu lançamento, mas ele ficara em cartaz por pouco tempo e não pude ver na telona. No ano seguinte, lá estava uma sessão gratuita do longa no Cine Olido, aqui no centrão de SP. A exibição fazia parte das comemorações da Semana do Orgulho "LGBTUVXZ "que antecedia a Parada Gay, então a sala do cinema estava quase toda lotada por casais homossexuais. Dá até pra dizer que ali foi a nossa estréia no mundo gay “público” da região, nosso primeiro programa no gueto gay, ainda no começo do relacionamento. Nossa primeira vez como "Perdidos na Noite", e com certeza isso faz diferença na minha memória afetiva sobre o filme (embora maridão tenha certeza de que eu só gosto do filme por causa do Eduardo Noriega).
Mas de volta ao filme! O longa argentino começa com aquela cena sobre a qual até hoje sou obrigado a ouvir reclamações do meu namorido: Angel, personagem vivido pelo espanhol Eduardo Noriega, usando apenas uma cueca branca, fazendo flexões num quarto de motel (foto). Como eu tenho o DVD em casa, maridão vive dizendo que eu não devo sair desta cena – o que é uma grande injustiça, já que o filme inteiro é ótimo!
Sobre o enredo: somos apresentados aos personagens principais, a dupla de assaltantes Angel e Nene (Leonardo Sbaraglia), vemos como se conheceram em plena pegação num banheiro público, e ficamos sabendo que desde então nunca mais se separaram. Almas gêmeas, dois caras unidos no amor e no crime, uma versão latina e gay da dupla Bonnie & Clyde. Ambos são pessoas bastante diferentes, Nene é mais centrado, Angel é o problemático, vive em conflito por conta das vozes que escuta em sua mente. Um é branquelo, o outro é moreno.. Para quem nos conhece, dá pra traçar bons paralelos entre maridão e mim nesta história (não, não somos assaltantes).
A história do longa é baseada em fatos reais, ocorridos em Buenos Aires e Montevidéo, na década de 60, quando uma quadrilha empreendeu uma fuga cinematográfica após assaltar uma carro-forte. Apesar disso, o espectador se identifica tanto, que é impossível não torcer pelos bandidos! Duvido que alguém tenha torcido pelos mocinhos!
Não vou contar mais sobre a história, assim vocês podem correr para baixar/alugar/comprar o filme sem que eu estrague a diversão alheia. Vou dizer apenas o que o filme tem de especial: até hoje, acho que é o filme gay mais “macho” de todos os tempos, a questão da homossexualidade dos personagens aparece na medida certa, sem forçar a barra, e nem cair no piegas ou no dramalhão tão comuns em filmes de temática gay. O filme tem uma história a ser contada além da sexualidade das personagens, e o enredo policial prende a atenção do início ao fim.
Há uma cena no filme que eu considero a minha cara (não, não é a abertura.): em plena fuga, cansados de ficarem trancafiados numa casa, Angel, Nene e Corvo (o heterossexual que compõe o trio de meliantes) vão até uma praia (ok, não é uma praia, é a margem do rio - essa aí da foto). Quando conversam, Corvo (Pablo Echarri) vê um baita chupão no pescoço do Nene e comenta que só ele está “na seca”, e não é fácil ver os dois pombinhos juntos. O que ele não sabe é que o chupão não foi causado pelo Angel (não vou contar a origem), que fica consternado, absolutamente sem acreditar naquilo, pedindo para o parceiro dizer que é mentira. Nene não diz nada, a o olhar que o Angel lhe dá é mortal... a sua reação, então!!!! Pra mim, ciumento inveterado, uma das cenas mais marcantes do cinema...
Por falar em cena, o final do filme é daqueles que fazem o público vibrar! Se você ainda não viu, veja: é viril, tem ação, tem uma história de amor, o elenco é ótimo, bela trilha sonora (depois deste filme passei a ouvir muita música em espanhol), o roteiro é excelente (baseado no livro de mesmo nome, de Ricardo Piglia).
Enfim, um filme de temática que foge dos clichês tradicionais do gênero.
Ps. maridão não é tão empolgado assim com o filme (ou pegou birra por causa do Noriega), seu favorito é Delicada Relação (Yossi & Jagger), maravilhoso filme sobre o qual já escrevi aqui no blog algumas vezes.
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eu ADORO este filme
ResponderExcluira prova porque o cinema argentino é tão melhor que o nosso está ai!
Esse filme com certeza foi o primeiro filme gay que eu vi mais de cinco vezes e não canso de ver..
ResponderExcluirAdoro ele... lindo... cheio de ação e emoção...
fiquei com uma pergunta na cabeça: a sexualidade de um personagem não é o bastante pra contar uma estória?
ResponderExcluirSó tenho uma reclamação sobre o filme: o sexo mais quente/tórrido do filme e entre um deles e uma mulher e não entre os dois (tudo bem que dá para perceber o amor dos dois, mas bem que podia ter uma cena mais caliente entre os dois).
ResponderExcluirTb vi esse filme no começo do meu namoro com melo e foi maravilhoso! Ambos ficamos estarrecidos com as cenas e o filme. Todos são belíssimos, mas Corvo faz mais o meu tipo.
ResponderExcluirGosto dos dois filmes.
ResponderExcluirDelicada Relação é melhor. A cena do casal na neve é inesquecível.
Foxx, o que eu quis dizer é que os filmes com temática homossexual muitas vezes - eu diria que quase sempre - só contam a história da sexualidade dos personagens.Em alguns casos isso funciona, mas em geral o resultado é ruim e praticamente todos os filmes gays contam a mesma história. E na vida real a gente faz outras coisas, nem tudo é nossa sexualidade.Um gay pode ser gay e ter outros dramas, ações, paixões, acontecimentos marcantes etc na vida.
ResponderExcluirAnônimo, verdade que as cenas de sexo mais tórridas são hétero, mas tem o lado de que o Nene e o Angel não estavam transando, então não teria como mostrar sexo entre eles. Mas até tem aquela cena de coisa na mão, mão na coisa...
Lobinho, eu acho que a cena final de Delicada Relação é a melhor de todas, diz tudo com a maior sutileza do mundo.
Eu não conhecia esse filme... Vou baixar provavelmente. Gostei da dica meninos. Bjos
ResponderExcluirOlha, acho q vou na onda do seu marido... nao consegui assistir a este filme até o final e sabe pq? Pq achei mega parado... acho que desliguei o player na metade :)
ResponderExcluirJá que vc falou no Noriega... Eu sei que aquele post da entrevista já passou faz tempo, mas eu sempre tive a curiosidade de saber quem sao os homens q vc acha mais bonitos seja da musica, do cinema...pq vc nunca acha ninguem bonito kkkkk apesar, de que, na maioria das vezes, eu também nao hahahhahaha
Vc poderia fazer um post com os 10+ q te agradam :)
Abracos
eu não sei qual o melhor filme gay q já assisti mas Plata Quemada está entre os melhores com certeza ...
ResponderExcluirMuito bom mesmo! E não. Não conheço o trabalho do Ralf König, mas CERTO que vou conferir e depois te conto. Valeu o toque, queridôncio! Hugzão!
ResponderExcluirAhhhh, ja vi tantos filmes GLS, mas nunca tive coragem de assistir esse... pelo final. Depois de Bankok Love Story, fiquei com trauma... massssssss sua resenha é taooo linda
ResponderExcluirAdoro de verdade esse filme.
ResponderExcluirDepois que assisti, fiquei por muito tempo o considerando o melhor filme de temática gay.
Hoje ele ainda figura entre os meus prediletos, sem dúvida.
E a razão é simples: o envolvimento dos personagens, que mistura amor, insegurança, carência, desejo, afeto.
Eles são bandidos, eles matam, mas ao mesmo tempo são sensíveis, delicados, problemáticos.
Muito bom!!
E o final então...
Abração!