Maridão e eu estávamos discutindo sobre
a liberdade de expressão no último sábado, enquanto tomávamos umas e outras num bar, e
vimos que precisávamos escrever sobre aquilo tudo aqui no blog. Na hora tudo parecia lindo, filosófico e poético, mas talvez fosse apenas alcoólico - e vocês sabem,
é meio difícil se lembrar de algo no dia seguinte a uma bebedeira... Eu ia
escrever um longo texto sobre a liberdade de expressão, mas encontrei esta fala
de Walter Williams (foto abaixo),
professor de Economia na Universidade Manson, nos EUA, na qual ele consegue resumir
tudo o que maridão e eu pensamos sobre o assunto - só que, eu acho, sóbrio:
“É fácil defender a liberdade de
expressão quando as pessoas estão dizendo coisas que julgamos positivas e
sensatas, mas nosso compromisso com ela só é realmente posto à prova quando
diante de pessoas que dizem coisas que consideramos absolutamente repulsivas, quando
aceitamos que elas expressem ideais que julgamos repugnantes.” ( Walter Williams)
Sempre nos choca quando vemos alguém pedir que o Estado crie mecanismos para controlar a liberdade de expressão,
principalmente quando usam o argumento de que é “para o nosso bem”. Nunca é,
mesmo que aparente ser. Só podemos imaginar que isso seja um resquício de uma
visão paternalista sobre o Estado. Defender a liberdade de expressão não significa
endossar tudo o que seja dito - isso é confundir “objetos” e “práticas”. Mas impedir que algo seja dito, por mais que se
tente chamar de um modo politicamente-correto, só tem um nome: censura. E censura é uma das piores formas de violência que um indivíduo pode sofrer.
Outro cara que fez uma defesa
absolutamente sensacional da liberdade de expressão foi o escritor britânico Philip
Pullman (foto), autor do livro (mais polêmico do que mamilos) “The Good Man Jesus and
the Scoundrel Christ” (O Bom Homem Jesus e o Cristo Canalha), que saiu por aqui
com o título politicamente-correto (dentro do possível) “O bom Jesus e o
infame Cristo”. Depois de ter de comparecer a entrevistas com esquema de proteção
especial e sofrer ameaças antes mesmo de lançar o livro (!!!!), vejam só o que ele diz
ao responder a uma pergunta, em Oxford (o vídeo é curto, pouco mais de um minuto):
Aqui no DPNN todo mundo pode exercer
sua liberdade de expressão, não é só retórica da nossa parte. Todos os
comentários são publicados - mesmo aqueles que defendem nossa censura, dizendo que a gente não deve publicar textos como o da postagem, que tal postagem tem de ser apagada, que prestamos um desserviço "à causa gay", que a postagem é desnecessária, que reforçamos esteriótipos e clichês ao postar piadas etc, etc, etc. Nestes casos, vale o que Philip Pullman disse no vídeo acima: ninguém é obrigado a ler e ninguém é obrigado a gostar do que lê, só não pode nos impedir de escrever. Expressamos nossa opinião e sempre confiamos na capacidade intelectual do nosso leitor em discernir por conta própria o que deve pensar sobre os assuntos tratados. Até agora vocês não nos decepcionaram.
Ótima semana a todos, e nos vemos
assim que der para aparecer por aqui!
Liberdade de expressão, bem como "liberdade" só existe quando é da maneira como sonhamos ou queremos. O contrário, consideramos infâmia, injuria, absurdo coisa e tal. Quando todos nós soubermos que nosso direito acaba quando o do outro começa, talvez tenhamos começado a conhecer o sentido da palavra "liberdade ". Beijos aos dois. Bom restinho de semana.
ResponderExcluirTalvez esse seja um dos sapos mais difíceis de engolir, o da "liberdade praquilo que não gosto". Até porque, pelo outro lado, quando existe essa liberdade extrapola-se pra violência. Não é apenas necessário, então, aprendermos a "dar" liberdade, mas a "ter" também. Penso que o "politicamente correto" é uma maneira de tentarmos aprender a "ter" liberdade. Sem pressa, um dia a gente chega lá. Ou não! :-)
ResponderExcluirOlá! acompanho o blog de vocês a algum tempo,também já postei comentários como anônimo e quero dizer que aprecio muito a iniciativa dos autores do blog e os temas abordados.Esse post e o post sobre "homofobia ou machismo" foram os únicos textos que ,enveredam para o lado mais "institucional" da coisa, com os quais eu concordei com os argumentos expostos rsrs,demostrando essa "liberdade de expressão" que os blogs independentes nos proporcionam,liberdade essa que os meios de comunicação de massa muitas vezes não nos proporcionam,nos deixando com perguntas sem repostas concretas.
ResponderExcluirBem! não foi o pensador iluminista Voltaire,lá no séc.XVIII,que disse:
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las",não foi?!
Pena que muitas pessoas nesse mundo não sabem,não souberam e nem saberão entender e valorizar o significado desse pensamento.
Abraços!
o q tenho para dizer sobre o tema depois de sua fraze: "ninguém é obrigado a ler e ninguém é obrigado a gostar do que lê, só não pode nos impedir de escrever." A resposta do vídeo é mais q perfeita ... eu respeito a todos mas exijo o mesmo respeito por aquilo q penso, q falo, q escrevo, q faço ... simples assim ...
ResponderExcluirParabéns aos dois!
Geralmente, quando bebo, não penso e se penso, penso merda. Como vocês bebem e ainda pensam?
ResponderExcluirAcho que preciso beber menos ou pensar menos, sei lá!
Em tempo: o dia em que a humanidade reconhecer o direito de outro dizer o que pensa sem censuras. Não precisaremos de mais nada. Nem de Direito nem de religião.
Pois é, ninguém a obrigado a ler nesse caso.A coisa complica é quando não temos escolha, ao ser xingado na rua por exemplo.
ResponderExcluirConcordo com as opiniões da Margot e do Edu (Edu?).
Anônimo, pode ser que no nosso caso a companhia ajude na hora da bebedeira também... mas não vou emprestar o maridão (nem ele me empresta) para você beber em boa companhia... Mas continue tentando, você é brasileiro e não deve desistir...
ResponderExcluirSobre a questão da liberdade x agressão, aí é outra questão. A liberdade de expressão não é sinônimo de agressão. Como bons libertários que somos (maridão, Walter Williams e eu), defendemos, é claro, o princípio da não-agressão baseado no direito à propriedade. Você é proprietário de si mesmo e tem sua liberdade de agir até o ponto em que ela interfira no direito de posse de outro indivíduo. Xingar, ofender outro indivíduo na rua ou em qualquer outro lugar é apenas uma agressão. Novamente vale lembrar que não se deve confundir objetos e práticas.
Ali, a frase do Voltaire é ótima, pena que seja pouco aplicada no mundo real. Legal você não ser mais anônimo, facilita bastante na hora da gente responder ao comentário (como você vê, há vários anônimos por aqui). Fique à vontade para comentar quando discordar também, sem problema algum. Aliás, é mais fácil para nós dois saber se a pessoa que comentou leu de verdade quando ela critica do que quando ela elogia...
sempre preguei e concordei integralmente com isso e jamais desejo que meus direitos como guei/pessoa/ser humano sejam pautados pelo cerceamento dos dos outros.
ResponderExcluirgrande vantagem ter assegurado isso tapando a boca dos outros, não é aceitação e respeito mas forçar o outro aceitar o que, geralmente, não dá o resultado esperado.
como disseram aí em cima, parafraseado, posso discordar totalmente do que você pensa ou diz mas garanto até os dentes seu direito de dizê-lo e pensar livremente dessa forma..
se lhe corto isso, como pedir o mesmo para mim?
Bom, só comento aqueles em que ninguém faz um comentário bem pensado(não é esse o casa), e quando faço penso eu não estar como anônimo. Então, ia sitar Voltaire primeiro (droga) mas tudo bem, penso que fazem muito esforço com relação a isso mas, se você parar para pensar a chamada liberdade deveria ser dividida em três partes :
ResponderExcluirCivil,militar e política.Por que? Pois sendo civil eu falo abertamente, sem me dirigir à uma pessoa especifica, mas atitudes de um conjunto social, como uma "baderna" em universidades como é aqui em Brasília,ou pastores contra os homossexuais; militar como o próprio nome diz, eles têm seu código especifico, e a política onde liberdade de expressão não existe pois você representa um conjunto não suas próprias convicções . Faltou esse detalhe pois em outros textos você(s) diz(em) que liberdade de expressão existe na política (como no texto dos evangélicos x gays), bom essas são minhas ideias....