Sonhos da última noite de horário de verão
Fim do horário de verão, noite de sábado com uma hora a mais – um bom motivo para sair e aproveitar. Nada de chuva, um calor agradável, lá fomos nós, meu gato e eu, aproveitar bastante meu último sábado antes da volta ao batente no trabalho. Pra mim, literalmente, o ano começa depois do carnaval.
Vamos pular a primeira parte do programa noturno (pra bom entendedor...) e ir direto ao assunto do post.
Começamos o aquecimento dando uma volta pelo Arouche, Vieira e adjacências, e quando a sede foi mais forte, entramos no Habeas e fomos tomar umas cervejas para entrar no clima. Ontem o local estava um tanto diferente do usual, muitos casais, acho até que eram a maioria. Muitas caras novas, muitas caras conhecidas (sem mencionar, e já mencionando, muita gente feia...), em suma, o bar estava cheio, como sempre. O problema é que agora só há um garçom atendendo aos clientes, o que faz com que muitas vezes você tenha de se contorcer em inúmeros malabarismos para que seja percebido e possa pedir uma bebida. Depois das 23h, então, considere-se uma bicha de muita sorte se conseguir que sua cerveja chegue à mesa antes de você entrar em crise aguda de desidratação...
Com um calor daqueles, os dois bonitões aqui foram desfilar a beleza lá na rua, sentar na praça, jogar conversa fora, contrariar a ordem da vigilância sanitária e tomar uma daquelas batidas que os caras vendem em carrinhos, falar mal dos passantes, enfim, tudo o que a variada fauna da região nos permite – e que realmente confere ao centrão aquele ar todo especial de décadence avec élégance que tanto nos agrada.
Como a noite era especial, eis que num passe de mágica ganhamos uma hora a mais, e fomos nos jogar na pista da Cantho. Gosto muito de lá, acho que a Cantho consegue oferecer um padrão um pouco mais elevado do que a região em que se encontra, inclusive no público (ontem havia até apresentadora da Record por la...), mas ao mesmo tempo há uma integração ao meio que impede que se tone um elefante branco no meio da sala.
Logo que entramos, aproveitamos e fomos nos abastecer no bar. Pedimos uma caipirinha, mas devo mencionar aqui que aquilo era tudo, menos uma caipirinha... provavelmente havia dois dedos de bebida para meio quilo de gelo no copo. Em duas sugadas de leve no canudo, tudo o que restara no copo era gelo... Não deu nem pra arranhar a úvula, e tivemos de compensar a defasagem alcoólica com outro drink, que tinham gosto de suco de laranja de pobre – uma laranja espremida e uns litros de água. Você percebe lá longe que há uma vaga presença da fruta. Pelo menos, neste caso, no lugar da água havia alguma concentração etílica...
Na Cantho acontece um fenômeno bem engraçado. No começo da noite há uma timidez generalizada, ninguém tem coragem de dançar na pista (também vimos isto no Bailão). Alguns ensaiam algum movimento perto do bar, mas a pista fica vazia. Acho que deveríamos ser contratados da casa, pois é a terceira vez que literalmente abrimos a pista.... estamos ali pra dançar, não? Então a gente dança mesmo, a pista é toda nossa... Ontem, em especial, o DJ que abriu a noite não estava ajudando muito, logo depois de uma música que conseguia tirar a galera do limbo, ele vinha com outra que fazia o pessoal voltar para as trevas... até a dupla animada aqui ele conseguiu fazer parar de dançar... Uma coisa que não dá é pro DJ tocar de costas pra pista, como aconteceu por muito tempo.
Depois o som foi melhorando, e o público foi acordando pra noite. Por falar em público, acho que a Cantho é uma das casas GLS (esta ainda é minha sigla preferida) com maior número de “S” que a gente conheceu. Muitos casais do tipo “homem + mulher”, muita mulher (entendidas e desentendidas). Aparentemente, todos convivem bem. Digo isso pois muitas casas GLS estão tendo problemas com a “invasão hetero”, como pude perceber numa discussão na comunidade Eu Adoro Drag Music, do Orkut.
No meio da noite, o som da pista é invadido por gritos... não, nada de errado, a cortina do palco se abre e surge a drag-atriz-modelo-e-apresentadora Silvetty Montilla, para apresentar um pocket show. Recepção muito boa do público, que entra no clima e participa das brincadeiras, incluindo quatro pessoas que foram convidados a subir ao palco... Gostamos muito do bom humor da apresentação, rimos muitíssimo e fomos embora com o espírito renovado para encarar a semana.
Na volta pra casa, comentando com meu “namorido” sobre esta questão do bom humor tão característica da comunidade gay, a gente ficou pensando na diferença que existe entre a militância em geral (não só a gay) e o pessoal que vive a homossexualidade com alegria. Se há uma coisa que eu não suporto em militantes, é a total incapacidade de rir. Já reparou que todo militante sempre tem um ar sisudo, uma cara fechada, de quem carrega o fardo de uma causa nas costas? A gente entende e apóia a luta por direitos – e deveres – iguais, é claro, mas acho que dá pra fazer isso de uma forma mais positiva, não? Acho que é isso que a gente tenta fazer aqui no blog, e que as drags e muita gente faz, de modo indireto, no dia a dia. Nunca custa lembrar: na sua origem, a palavra GAY, em inglês, significa “alegre, feliz”. Não poderia haver melhor palavra para nos definir, não é mesmo?
Boa semana, e um Feliz Ano Novo a todos vocês! E para terminar no clima de alto astral, fiquem com o vídeo da drag-atriz-modelo-apresentadora-e-entrevistadora Silvetty Montilla em "participação" no Caldeirão do Huck...
Ps. Um último detalhe: estávamos sem relógio, a bateria do meu celular acabara, ele esquecera o seu em casa. Literalmente estávamos totalmente perdidos na noite, mais do nunca fizemos justiça ao nome do blog.
1 Comentário:
Pô, eu não gosto da Cantho. Acho o bar insuportável e a música "dançavel" até uma certa hora.
Sexta-feira estarei me jogando no bailão. Atóron aquele lugar. Me sinto em casa.
Quanto ao centro, gosto muito daquela região, tb. É delicioso caminha por ali e namorar naqueles bares do Arouche.
Eu vi Um olhar no Paraíso e adorei!
bj
Postar um comentário
BLOG ENCERRADO!