Dois Perdidos no Concurso Literário
Sexta passada não deu para aparecer por aqui, espero que vocês tenham aproveitado bastante o final de semana! O dia foi hiper-mega-ultra-big-estressante para esta dupla (deve ser meu inferno astral, afinal, meu aniversário está chegando). E, como vocês se lembram, era a noite de entrega da premiação literária da qual o maridão fora selecionado.
Mas vamos explicar essa história desde seu começo: maridão leu a notícia do concurso e veio com a sugestão de que eu escrevesse algo. Eu enrolei, enrolei e acabei não escrevendo. Ele cumpriu sua parte, escreveu seus contos e me mandou para que eu lesse e dissesse o que tinha achado. E eram muito bons, muito mesmo, até fiquei sem graça de escrever algo depois de ler. Eu disse isso a ele, mas convenhamos que minha opinião não era o máximo da isenção, afinal, eu poderia estar elogiando com segundas e terceiras intenções. Mas é claro que não era. Nesses quase 10 anos, era a primeira vez que ele me mostrava algo que escrevera – que não fosse um texto acadêmico. Ele mostrou para outros familiares, todos gostaram. Mas bateu aquela insegurança e ele desistiu de se inscrever. Na véspera da data limite, acabei o convencendo e fomos fazer a inscrição poucas horas antes do prazo final.
Então ele recebeu o e-mail da produção do evento dizendo que fora classificado. Sim, só isso. Ficou com medo de levar a família e chegar na hora, descobrir que todos os inscritos haviam sido selecionados.
Quando chegamos ao anfiteatro, o local foi ficando cada vez mais cheio. Esperávamos umas dezenas de gatos pingados – era um evento literário, sexta à noite... Mas o local estava praticamente lotado, quase mil pessoas. Maridão todo elegante, vestido para matar (pelo menos para me deixar sem ar...), nervoso. Eu, então! Eu sou supertranquilo quando o meu está na reta, mas dessa vez era o dele. Enquanto os prêmios eram entregues, nossa aflição só crescia.
Chegada a categoria principal, meu coração estava saindo pela boca. E se ele não tivesse sido premiado? Menção honrosa, terceiro colocado... Nossa aflição (minha e de alguns de seus familiares que haviam ido) chegou ao fim quando o segundo lugar foi anunciado: era o maridão! E lá foi ele, subindo ao palco, sob muitos aplausos e um coro que uma amiga lésbica (tinha de ser) e eu puxamos (e que foi acompanhado por boa parte dos presentes - maridão é um zilhão de vezes mais carismático do que eu, até quem não o conhece acaba simpatizando com o cara). Foi o mais aplaudido da noite. Fiquei ultraorgulhoso dele. No começo ele ficou um tanto frustrado por bater na trave, mas depois viu que sua façanha fora grandiosa. Estrear na área de literatura levando pra casa logo um troféu de segundo lugar? E o mais legal: o conto que foi escolhido era o que nós dois considerávamos o melhor que ele escrevera (podia concorrer com dois).
Agora estou o incentivando a correr atrás desta linha, pois ele tem ótimos projetos, só faltava um reconhecimento de fora para ele perceber que tem talento de sobra. Nós dois, inclusive, acabamos de escrever um livro infantil sobre bullying (ele escreveu e eu ilustrei) e essa premiação será um incentivo para não deixarmos a obra no HD.
Não vou publicar os contos do maridão por aqui, em especial estes pois eles sairão num livro com os vencedores do concurso. Ah, uma explicação: não é literatura gay! Tempos atrás nós chegamos à conclusão de que nosso ciúme crônico não daria conta de suportar o outro escrevendo sem desconfiar da inspiração...rs... então decidimos que nossa ficção tem de ser 200% ficcional...
Se cuida, Chico Buarque! Ano que vem o maridão está no páreo, quero ver você tirar o Jabuti dele...
.
Marcadores:
Íntimo e Pessoal,
Livros