Nós tivemos a alegria de conhecer pessoalmente a figuraça aí da foto, mais conhecida como Mulher Feijoada - uma mulher que vem com rabo e linguiça... foi na última Banda do Fuxico. E ela foi supermegasimpática conosco. Depois disso ainda trombamos com a moça algumas vezes na Vieira.
Semana passada ela esteve no programa Qual É O Seu Talento, no SBT - e deu um show de carisma e bom humor. A apresentação foi um sucesso, a maior prova de que as melhores críticas - ou aquelas que não servem apenas para pregar aos convertidos - são feitas com senso de humor. Sua apresentação foi polêmica, crítica e divertida - ao mesmo tempo! Muitos que confundem ser crítico com ser chato devem ver e rever o vídeo. Como não gostar de alguém como ela?
Em tempos de mulher sem orifício...quem tem rabo e linguiça é rei! Ou melhor, rainha... Mulher Feijoada é diva!
A música do vídeo, em versão tribal house (ótimo trabalho do DJ Kafajest), tocou bastante na época da Parada Gay aqui de SP. Quem quiser baixar, o link está aqui.
Desculpem-nos pelo sumiço, mas vocês sabem como é fim de semestre, né? É correria daqui, correria de lá, burocracia daqui, mais burocracia de lá... além disso, chegava do trabalho e a internet estava (está) um lixo, horas e horas de tentativa e nada de conexão. Alguém mais andou tendo o mesmo problema ou é algo pessoal? Somado a tudo isso, maridão e eu também acabamos discutindo em pleno dia dos namorados (mas já estamos nos acertando). Enfim, um começo de junho para esquecer. Acho um porre alguém se lamentando da vida ao vivo, num blog então, é um porre ao quadrado. Como eu acho que ninguém é obrigado a agüentar meu mau-humor e meu chororô, deixei para escrever aqui quando estivesse mais no clima da página. Então, explicação dada, vamos prosseguir com nossa programação normal.
Por falar em programação, esta época do ano a agenda cultural GLS está repleta de atrações. Aos poucos, vamos falando sobre elas aqui no DPNN.
Uma dessas atividades é o concurso CCJ Drag Contest, que neste ano chega a sua quarta edição. Trata-se de uma oportunidade para divulgar a arte destas figuras que conquistaram seu espaço na noite gay, além de uma chance para descobrir novos talentos. A apresentação do evento fica a cargo da hilária Thalia Bombinha (foto)e suas assistentes de palco:Sabrina (Aprendiz de Feiticeira)eAriadna Shine, vencedora do concurso em 2010. Além do concurso em si, haverá várias performances de drags, nos mais variados estilos, como Alexia Twister, Danny Colwt e Stripperella.Até as pick-ups serão comandadas por uma drag, a DJ Ginger Hot.
Segundo Bombinha, “Um concurso como o CCJ Drag Contest é muito importante para o universo das drag queens. Muita gente, como eu, vive disso, e o certame é uma grande oportunidade de conseguir espaço. Todas as drags que estão na mídia surgiram em algum encontro como esse”.
Para as candidatas desta edição, a apresentadora deixa a dica: “O importante é ter humildade, estar sempre montada, impecável, bem vestida e maquiada, além de ser simpática, é claro. Simpatia é tudo!”.
Gostou? Reserve um espaço na sua agenda e vá conferir:
O quê: 4º CCJ Drag Contest
Onde: Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641. Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte - ao lado do terminal Cachoeirinha)
Quando: domingo, dia 19/06, às 16h.
Quanto: de graça, basta retirar ingresso na recepção com 1h de antecedência.
A boate Nostro Mondo vai completar 40 anos neste sábado, e para comemorar a data, vai rolar uma festa especial. Segundo o pessoal, a casa vai entrar para o Guiness Book como a boate GLS (eles não usam o termo LGBTUVXZ) mais antiga da América Latina - e a primeira do Brasil.
Não posso falar nada sobre o lugar em si, nunca estive lá, mas nenhuma casa noturna sobrevive tanto tempo se não fosse por mérito próprio - então, deve ser legal.
Serão duas pistas, além de gogo-boys se apresentando durante toda a noite. Marca registrada da casa, os shows de drags também não podem faltar: e a apresentação fica a cargo da diva Silvetty Montilla.
O endereço de lá é:
Rua da Consolação, 2.554 - Jd Paulista, São Paulo - SP
E ela se foi. Morreu nesta madrugada a folclórica Lacraia, dançarina que, ao lado do MC Serginho, arrebatou as paradas com o melô da "Eguinha Pocotó". Uma pena, pois parecia ser uma pessoa feliz, sempre esbanjando alegria com aquele sorriso enorme.
É como maridão e eu sempre dizemos: é muito fácil ser gay como nós somos: dois caras que passam batido pela multidão, e que, de modo geral, ninguém desconfia que são gays. Ser um travesti ou um transexual é coisa para quem é Macho com "M" maiúsculo! E tiro o chapéu para quem é assim.
Musicalmente falando eu não suporto o funk carioca, mas "antropologicamente" falando, acho que é uma das manifestações artíticas mais legais que surgiram no país. É o equivalente brasileiro ao punk rock no que o movimento tinha de mais original: música feita no esquema do it yourself por gente sem formação musical, um movimento que surge nas periferias dos grandes centros urbanos e cria uma cena ao seu redor. E, convenhamos, punk acaba sendo mais imitação do que é feito lá fora e o espírito original se perde em meio à anacronia...
Mas de volta à Lacraia: nascida Marco Aurélio Silva da Rosa, Lacraia quebrou o tabu do meio funk, dominado por popozudas e preparadas, e com seu carisma, conheguiu mais sucesso do que qualquer bunda rebolante com "feminino" na certidão de nascimento! No país da homofobia (sic), Lacraia virou ídolo da criançada e figura carimbada nos programas de TV.
Muitos dirão que o seu sucesso era uma chacota, mas só os seres evoluídos são capazes de rir de si mesmos. E Lacraia representava bem uma parcela existente no mundo gay, mas que muita gente prefere varrer para debaixo do tapete, a tal "bichinha quaquá". Elas estão por toda parte, com sua alegria contagiante e jogando na cara de todo mundo: sou feliz do meu jeito! Ou, como ouvi uma vez: as trevas não me atingem, meu cu brilha no escuro!
Nos útlimos anos vem se desenvolvendo uma verdadeira cena musical nos clubes gays brasileiros, com um bom número de DJs famosos, produtores reconhecidos e cantoras de talento. Uma cena que se mantém graças a um público ávido por novidades, cada vez mais conectado por meio da internet. Como nos velhos tempos do punk e do rock alternativo, essa cena mantém acesa a chama do underground. É através de meios alternativos, como a internet, que as canções se espalham, já que poucas chegam às rádios. E logo após o lançamento, novas versões e remixes surgem em velocidade espantosa.
É em busca de montar um retrato desta cena que criei a coletânea "Made in Brazil - Brazilian Gay Club Hits". Aqui estão reunidas 16 canções que são sucesso absoluto nas pistas gays de todo o país, interpretadas por 8 cantoras da house music brasileira. Nomes consagrados como Lorena Simpson, Alex Marie, Joe Welch, Amannda, Georgia Brown e Alexxa aparecem ao lado de novatas como Natalia Damini e da recém adotada pela comunidade gay, Wanessa. Veja o playlist completo:
01.Filipe Guerra Feat. Lorena Simpson - Brand New Day (Maxpop Radio Edit)
02.Wanessa - Fallin' for you (Radio Edit)
03.Alexxa - Give It To Me (Radio edit)
04.Altar Feat. Amannda - Moonlight Shadow (Allan Natal Club Mix)
05.Natalia Damini Ft. Alahin - Feelin' The Love (Xookwankii Elite version)
06.Allan Natal Feat.Joe Welch - Lollipop (Tommy Love Remix)
07.Georgia Brown - Love 4 Real (Hytraxx Original Mix)
08.Luis Erre Feat. Alex Marie - I Don't Want U (Original Re-Cover Radio Mix)
09.Filipe Guerra Feat. Lorena Simpson - Can't Stop Loving You (Filipe Guerra Intro Mix)
10.Wanessa - Stuck on repeat (Mister Jam Version)
11.Alexxa - The Reason (Mister Jam Radio Remix)
12.Altar Feat. Amannda - Can U Hear Me (Original Mix)
13.Natalia Damini - Your Lies (Allan Natal Radio Edit)
14.Demu Mix ft. Joe Welch - Making Love (Jose Spinnin Cortez Club Mix)
15.Georgia Brown - Loneliness ( Hytraxx Remix)
16.Breno Barreto feat. Alex Marie - Shake It (Radio Edit)
Com certeza você conhece boa parte delas. Talvez não ligue o nome à pessoa, ou pense até que aquela canção que você dança pertence a alguma cantora estrangeira. Talvez você já tenha todas as músicas em seu HD/Ipod!
Até agora ninguém havia reunido todas elas em um álbum, então nós o fizemos de forma "extra-oficial". Fiz questão de deixar em inglês, assim o público lá de fora pode ter acesso ao álbum.
Quem sabe um dia a gente não consegue ver todas elas reunidas em um grande show de encerramento da Parada Gay? Com certeza seria um sucesso absoluto! Enquanto isso não ocorre, vamos ouvindo as 8 no álbum...
Nem a maior das tempestades é capaz de impedir pessoas felizes de expressar este estado de espírito. Quem esteve no Largo do Arouche, neste domingo, acompanhando a Banda do Fuxico, deve ter ficado com a mesma impressão. Mas já estou falando do fim da festa? Não é assim que se faz, né? Já aviso que este post será gigantesco. Aos que tiverem fôlego, vamos ao começo de tudo:
No ano passado estivemos no evento e saímos de lá com uma ótima impressão. Este ano ficamos aguardando a confirmação da data e logo que obtivemos as informações, tratamos de colocar um post a respeito. E foi graças a este post que o Eduardo Marinho, assessor de imprensa da banda do Fuxico, chegou até nosso blog e nos convidou para que fizéssemos a cobertura como um órgão de imprensa, com credenciais, acesso ao palco, aos participantes e até ao trio elétrico. Nós, que criamos o blog justamente para isso, ficamos realmente felizes pelo reconhecimento de nosso trabalho e topamos no ato. Desde já, nosso imenso agradecimento!
Domingão de sol, pegamos a moto e lá fomos nós, começar nosso trabalho. Quem nos acompanha sabe que não há situação que envolva esses dois perdidos que não tenha pelo menos um evento bizarro. E o dessa vez se deu bem no começo da tarde, quando fomos almoçar num restaurante ali no centrão. Eu ainda estava de ressaca física, moral e espiritual da noite passada, mas maridão estava faminto. E logo ele, que praticamente adestrou esse aborígene que vos escreve, não derrubou boa parte do espaguete que comia? E o pior: caiu bem em sua roupa! A camiseta cinza virou uma mancha vermelha, a calça jeans clara parecia entregar que sua menstruação chegara de surpresa, após décadas de atraso. Sorte que deu pra lavar tudo no banheiro... ele só teve de terminar o almoço completamente ensopado. Depois do almoço e do banho de macarrão, fomos ao Largo do Arouche checar os preparativos da festa. A equipe terminava de montar o palco, e tudo diante de um inimigo que se aproximava: a chuva. Chuva não, pelo aspecto das nuvens, viria uma tempestade.
Aproveitamos para circular pela área e ver as outras atividades que estavam acontecendo antes da abertura oficial. Havia um pessoal de órgãos de combate à AIDS e de apoio aos homossexuais divulgando seu trabalho. Um dos estandes era do Programa Municipal de DST/Aids, do moço aí da foto. Durante o evento, seus agentes de prevenção distribuíram 10 mil preservativos e panfletos com orientações aos foliões. Se quiser saber mais sobre o trabalho do PM DST/AIDS: www.dstaids.prefeitura.sp.br .
Eram cerca de duas da tarde quando aquela que provavelmente seria a segunda edição do dilúvio bíblico começou. Quem é paulista está acostumado com essas chuvas torrenciais nesta época do ano, mas aquela conseguiu surpreender até nós mesmos. A maioria do público que começara a chegar correu para os bares da região, buscando abrigo e se abastecendo para encarar o resto da tarde. Nós, é claro, fizemos o mesmo.
Uma hora depois, nada de trégua. A água caía com toda a força. O céu completamente escuro, cortado por raios. Cena de filme de terror. Na hora foi nos batendo um desânimo: tanto trabalho da organização e o evento iria literalmente por água abaixo! Mas eis que das pic-ups do DJ Fábio Lima começaram a ecoar sons que rivalizavam com os trovões. Foi o suficiente para animar a galera. Quando vi a cena surreal, mostrei para o maridão: em meio ao dilúvio, uma turma foi para a região em frente ao palco e começou a dançar como se não existisse chuva alguma! Maridão não pensou duas vezes, correu para cima do palco e registrou a cena. Aquela alegria foi contagiando o pessoal, que aos poucos foi se juntando aos corajosos. Houve quem ficou só de cuecas, garotas só de shorts e sutiã, travestis batendo cabelo alucinadamente.
Era impossível ver a cena e não ficar feliz de ver que há gente que supera qualquer adversidade e sabe extrair o lado bom daquilo que a vida apresenta. E foi assim que o idealizador do bloco, o megacarismático Roberto Mafra fez a abertura oficial do evento, com os agradecimentos ao público e aos parceiros que tornaram a empreitada possível. E ainda convidou alguns dos mais animados do público para dançar em cima do palco. Neste momento, São Sebastião (o santo padroeiro da comunidade gay) deve ter feito um acordo com São Pedro, pois a chuva deu uma trégua, e finalmente o pessoal que temia perder a chapinha saiu dos bares e se juntou à turma do dilúvio. A essa altura do campeonato, o atraso no cronograma era de horas. Somado a isso, o caos no trânsito paulista fazia com que diversos artistas e convidados ficassem presos em meio a alagamentos.Mas nada disso comprometeria a festa. Durante toda esta primeira parte da Banda ficamos no meio do público, circulando e registrando as cenas em fotografias. Logo em seguida nos dirigimos para a região do palco para conseguir registros exclusivos para o DPNN. A cerimônia prosseguiu com entrega de troféus a pessoas que contribuíram para a comunidade gay e o combate ao preconceito em geral. A lista completa de homenageados você pode ver aqui.
A Escola de Samba Arco Iris subiu ao palco e colocou todo mundo para sambar. A chuva, que até tentava voltar, não assustava mais ninguém. Não podemos deixar de registrar que todo o pessoal do samba é uma simpatia. Cada um irradiava mais alegria do que o outro! Uma coisa da qual sentimos falta foi a feirinha que havia nas edições anteriores. Ela foi transferida da praça para o estacionamento ao lado da Cantho, mas ficava quase escondida e com poucas barracas. Fomos lá conversar com o pessoal – a aproveitamos para tomar uma batida, é claro... ninguém é de ferro....
Voltamos à área de imprensa em tempo de ver uma das partes de que mais gostamos na Banda do Fuxico: o concurso de bate cabelo. Uma galera se inscreveu e subiu ao palco para concorrer. Eu tenho a teoria de que o headbanger metaleiro de hoje é o batedor de cabelo de amanhã. E um dos candidatos, o Peterson, parecia o retrato desta teoria: visual de metaleiro, mas batia cabelo como ninguém. Não foi à toa que chegou a ser um dos finalistas. Filmei tudo com o celular, a qualidade da imagem e do áudio é ruim, mas vale a olhada:
A campeã (merecidíssima, diga-se) foi a Felp, que vocês vêem na foto abaixo, exclusiva para o DPNN. O prêmio? Uma peruca, é claro!
A noite se aproximava e ainda havia muita coisa pela frente – era uma corrida contra o tempo para dar contas de vários shows de drag-queens, homenagens, entrega de faixas e troféus.
Não posso deixar de citar um por aqui: Diana Pequeno (à direita da foto), figura carimbada da Vieira, que fez seu show com um pout pourri que ia de Fafá de Belém a Diana, para delírio do maridão, que cantava a plenos pulmões em frente ao palco.
Aqui eu tenho de fazer uma confissão: tínhamos certo receio de chegar às celebridades mais conhecidas, pensamos que não fossem dar muita bola a dois carinhas de um blog, mas a recepção foi muito boa! A gente chegava pedindo permissão para tirar fotos, e todos, sem exceção, foram extremamente simpáticos conosco: Adriana Lessa esbanja carisma, Leão Lobo deu um show com seu pronunciamento mostrando que a luta contra o preconceito não é apenas para melhorar a vida do homossexual, mas de todos.
O Dicésar foi um caso à parte. Chegou correndo por conta do trânsito e pediu desculpas ao público por não ter tido tempo de se montar. Incrível como ele mantém a humildade. Maridão e eu fomos pedir para tirar uma foto dele para o blog e ele, mesmo visivelmente cansado, não apenas posou como ainda veio nos cumprimentar com beijos a abraços. Dizer o quê? Tem tanta gente que se acha por tão pouco!
(Dicésar, fazendo um "2" em homenagem ao Dois Perdidos na Noite)
Outro que é muito simpático é o MC Ton, que se apresentou com a divertidíssima Mulher Feijoada. Até eu que não curto funk me diverti.
Por falar em quem se acha, vamos falar de quem é realmente poderosa: Silvetty Montilla. Quando ela subiu ao palco, o Arouche veio abaixo! Incrível a adoração que ela disperta na galera. E dá para entender: ela é o retrato do alto-astral gay. Estávamos bem em frente ao palco e era incrível sentir a energia do público com sua presença.
E foi com ela que eu protagonizei meu “momento tiete”. Durante a semana eu falara com o maridão que queria muito uma foto com ela. E ele viu que eu estava tímido (tímido, eu????????) e garantiu meu registro. Essa vocês não vão ver, eu guardo pra mim...rs...
Se eu ficasse escrevendo aqui sobre tudo o que vimos o post não acabaria mais. Foram várias apresentações de drags da noite paulista, ganhamos vários brindes e um estoque de camisinhas e gel lubrificante pro resto do ano... ou melhor, do mês.
A noite já caíra quando o trio elétrico finalmente partiu, seguido pelo público. Não tenho estimativa de quantos compareceram, mas lá do palco a imagem era de uma multidão sem fim.
A lição que fica é que não há tempestade que dê conta de apagar o fogo de quem é feliz. E poderíamos fazer uma analogia que muito nos diz respeito: se a homofobia é uma tempestade que tenta nos tirar de cena e nos esconder num abrigo seguro, a melhor resposta a dar é mostrar que ficamos mais fortes diante das adversidades e respondermos com a mais letal das armas: nossa felicidade.
(Tieta, uma das figuras mais lendárias e alegres da noite gay do Centrão)
Chegamos em casa completamente molhados, mas de alma lavada!
Quem quiser ver o álbum com mais de 100 fotos com as devidas legendas, é só clicar aqui.
Perguntas? Deixe um comentário e a gente responde.
Vai estar em São Paulo no próximo dia 27 de fevereiro? Pois já tem um programa obrigatório: conferir a 11° edição do bloco de rua "Banda do Fuxico"!
Para quem não conhece, é o bloco oficial da comunidade gay paulista. Maridão e eu estivemos lá no ano passado (veja aqui), e só tenho uma coisa a dizer: é exatamente o que a Parada Gay deveria ser. Com certeza absoluta um dos melhores eventos GLS de que participamos até hoje.
A Banda do Fuxico acontece bem no Largo do Arouche, e lugar melhor não poderia existir. Os organizadores esperam um público estimado em mais de 35 mil pessoas ao longo de todo o dia.
O tema desta edição é “Reis e Rainhas: a Corte Chegou para Acabar com a Homofobia”. Apesar do título infeliz, não espere pregação militante, nem chororô infeliz do tipo “ó céus, ó vida, ó azar”. O evento é alegria pura, para todos os gostos - até para quem não gosta de samba!
Este ano a apresentação, no palco principal, fica a cargo de nossa musa Silvety Montilla. Figuras carimbadas da cena gay paulista estarão presentes, entre elas as drags Danny Cowlt, Michelly Summer , Leo Áquila e Dimmy Kieer, a atriz e cantora Adriana Lessa, Leão Lobo, Serginho Orgastic (Ex-BBB), além de DJs e gogo-boys.
O evento começa às 10h com a XI Feira Cultural da Banda do Fuxico. Na parte da tarde tem de tudo: de competição de fantasia de cachorro até o mega-hiper-ultra-über concurso de bate cabelo... E, no final de tudo, o trio elétrico sai pelas ruas do Centro Velho, acompanhado pela multidão, enquanto houver gente animada para segui-lo.
De dia, o guia turístico Valério Gama, à noite, a travesti Laleska Valéria. É assim que a figura da foto acima leva sua vida:
. "Meu nome de mulher é Laleska. Quando eu estou de Laleska, gosto de ser chamado assim. Mas só à noite, quando eu saio para baladas".
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Nos outros momentos do seu dia, é de Valério que ele pede para ser chamado. O mesmo vale para os gramados, pois Valério é árbitro de futebol, tendo apitado mais de 100 jogos lá em Beberibe, sua cidade natal, no interior do Ceará. E Valério impõe o respeito que a posição exige. Se ele sofre algum tipo de preconceito nos campos de futebol?
. "No futebol, eu não sofro preconceito, nunca sofri. Toda a equipe de árbitro só tem homem, e eu sou o único homossexual. Nunca me envolvi com eles, eles nunca me cantaram, me respeitam como se eu fosse uma mulher mesmo. Porque o que eles sabem fazer eu também sei".
. O estranhamento, conta ele, é maior por parte de seus amigos travestis:
. "Meus amigos travestis dizem que eu quero ser homem por gostar de futebol. Eles me chamam de 'bicha-homem'. Dizem: 'Olha essa bicha que quer ser homem', 'Essa bicha fala de futebol como se fosse homem'. Eles não entendem nada de futebol. Eu sou totalmente diferente deles. Eles ficam passados."
. O interesse por futebol surgiu em sua vida quando Valério assistiu à Copa do Mundo dos EUA, em 1994. Tentou ser goleiro (nota: existe um ditado no futebol que diz que todo goleiro ou é louco, ou é veado. Como vocês que acompanham o blog sabem, eu fui goleiro, o que comprova que às vezes o goleiro é as duas coisas...), mas acabou se destacando quando assumiu o apito. Valério afirma que seu pai não aceita sua orientação sexual, mas conta uma curiosidade que renderia estudo científico:
. "Na minha casa somos oito irmãos e quatro homossexuais, dois em forma de homem e dois travestis."
. Mas Valério tira isso de letra e dá um cartão vermelho para o preconceito:
. "Tem muito homossexual no futebol, mas são incubados, não se assumem. Eu não. Eu rasguei logo. De que adianta eu viver a vida dos outros? Tenho que viver a minha, não vou mostrar para as pessoas uma coisa que não sou. Se perguntam, assumo".
. Gostei de cara do Valério quando vi a reportagem na TV aqui em SP. Dignidade total. Deixo vocês com uma matéria que saiu sobre ele na TV do Ceará.
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Ps. [Off: "Chaveirinho" da apresentadora é, provavelmente, um dos caras mais feios que já vi na vida...se não for o mais...rs...]
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Ps. 2: Aproveitem bastante o final de semana. Façam como nós: divirtam-se sem moderação!
Dizem que o ano no Brasil só começa depois do carnaval. Então nada mais justo do que postar algo sobre o aquecimento de 2011. Tenho a ginga e o samba no pé de um turista dinamarquês que acabou de descer do avião achando que a capital do Brasil é Buenos Aires, mas gosto bastante do carnaval.
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Lá no RJ, a polêmica da vez é a criação de um banheiro gay na quadra de uma escola de samba. Aqui em SP, foi a vez da eleição da corte oficial do carnaval 2011dar um pontapé no preconceito.
. E quem ganhou a eleição como Rainha do Carnaval foi a dançarina Luana Campos (foto), 24 anos. E daí? O destaque é que ela era a representante do público gay no evento, já que é passista do bloco Arco-Íris, a escola de samba formada por uma turma da comunidade gay de SP.
. Já tivemos a oportunidade de conhecer a moça, sempre presente nos eventos LGBT e nos barzinhos lá da Vieira . Em entrevista após a eleição, Luana, moradora do Arouche, contou que, ao vê-la sambando na escola gay, sempre perguntam se ela é travesti. E seu argumento: diversidade de fato se faz com todos juntos! É bem por aí!
. Pessoalmente ela chama a atenção: muito, muito bonita, um sorriso cativante, simpática e de uma postura elegante como poucas! Sabe aquelas mulheres que parecem já ter nascido de salto alto? Quando a vimos pela primeira vez, chamou nossa atenção na hora e até comentamos o poder da racha!
. Parabéns a ela, uma bela escolha, sem dúvida alguma! Espero que seja uma oportunidade para que muitas portas se abram para a moça.
Maridão e eu estávamos conversando ontem sobre as últimas notícias das quais falamos no post anterior, quando nos lembramos de um episódio que aconteceu alguns anos atrás e já se tornou parte do folclore gay paulista.
. Tudo aconteceu lá na Vieira, a rua mais gay do Brasil. Quem conhece, sabe. Como de praxe, a rua estava tomada por toda a fauna que compõe cenário gay do nosso amado Centrão: drags, travestis, bicha pão-com-ovo, pão-sem-ovo, pão-sem-pão, barbies, ursos etc.
. Numa certa altura da noite, passou um ônibus pelo local e uns carinhas que estavam lá dentro começaram a tirar sarro de um travesti. Um dos caras, para se mostrar para seus amigos, colocou o corpo para fora pela janela e começou a falar um monte de ofensas homofóbicas escabrosas que minha educação suíça impede de repetir por aqui, mas que vocês podem imaginar.
. Se você fosse o travesti ofendido, sua reação seria:
. a) Sentar no chão e chorar; b) Se jogar na frente do ônibus e morrer dramaticamente; c) Voltar pra casa e formar um grupo emo; d) Criar uma ONG contra a homofobia; e) Conversar educadamente com o ofensor e mostrar para ele que ser homofóbico é uma coisa muuuuuuuuito feia; f) Marcar uma passeata contra a homofobia; g) Ligar para a polícia; h) Ajoelhar-se e rezar para que Zeus atingisse o cara com um raio no pênis; i) Sentaria no chão e esperaria uma lei contra a homofobia proteger você destas situações; j) N.d.a.
. Não sei o que você faria, mas sei o que o travesti fez:
. Entrou no ônibus pela janela, puxou o cara pra fora do veículo e deu-lhe uma grandiosa surra, no meio da rua, diante de todo mundo!
. Tenho certeza de que esse vai pensar mil vezes antes de fazer algo do tipo...
. Eu não presenciei a cena, mas no dia seguinte saiu em vários jornais. Como virou uma lenda urbana gay, há outras versões da mesma história, mas o que saiu nos jornais da época foi isso que eu narrei.
Dia triste para a comunidade gay brasileira. Morreu nesta sexta-feira Claudia Wonder, ícone da cena gay underground paulista e um dos maiores símbolos dos transexuais brasileiros.
. Já escrevi sobre ela em outro momento aqui no blog, de quem eu guardo boas lembranças de suas performances impactantes nos bons tempos do saudoso clube Madame Satã.
. Claudia Wonder morreu aos 55 anos, vítima de complicações de uma criptococose (uma doença transmitida pelas fezes de pombos).
. Para as novas gerações que não conheceram a artista/ativista, recomendo o belo filme "Meu Amigo Claudia", um documentário dirigido por Dácio Pinheiro que mostra um pouco de sua vida e obra:
. Nossos sinceros pêsames aos seus amigos, familiares e admiradores. Requiescat In Pace.
No final de semana passado aconteceu aquele episódio do cara que passou de carro e nos "xingou" de gays (quem não leu, veja aqui.)... desta vez aconteceu algo ainda mais surreal, quando estávamos voltando pra casa, após muita bebedeira na Oktoberfest e depois ainda mais doses etílicas nos bares da vida. Segue o roteiro:
. O Local: na Vieira de Carvalho, a rua mais gay deste país.
O Horário: por volta de meia noite e meia. O Contexto: maridão fez uma das suas gracinhas e eu estava de cara fechada. Então paramos na rua para uma DR básica e rápida, e 30 segundos depois já estávamos lá, os dois, nos beijando de um jeito até bem comportado.
. Passa por nós uma garota, para ao nosso lado e fala:
. (Garota): A polícia vai prender vocês! (Eu): Vai prender por quê? (Garota): Porque isso é pecado! (Eu): A polícia não prende alguém que comete um pecado, ela prende quem comete um crime. Há uma grande diferença. Estamos cometendo algum crime? (Garota): Mas a polícia é burra, ignorante e preconceituosa. (Maridão): A polícia é burra, ignorante e preconceituosa igual... (Garota): Ah? (Maridão): A polícia é burra, ignorante e preconceituosa igual... (Garota): Ah? (Maridão): A polícia é burra, ignorante e preconceituosa igual a VOCÊ. (Garota): Eu????? (Maridão): Sim, se tem alguém sendo burro, ignorante e preconceituoso nesta história é você. Deixe as pessoas serem felizes em paz. (Garota): Mas mulher é uma coisa tão blá blá blá... (Maridão): Pois faça bom proveito de fique com a nossa quota. A gente está muito feliz do jeito que é.
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Sabe qual é o pior de tudo isso? A garota era lésbica e sua namorada (acho) até se afastou na hora, constrangida. Se ela queria apenas ser irônica, perdeu uma bela chance de ficar calada. Há um ditado em alemão que diz que "o silêncio é uma pausa para pensar, e não uma pausa no pensamento"... Para compor a trilha sonora, uma música do duo Ting Tings chamada sugestivamente "Shut Up And Let Me Go": .
. 1) Dica caseira. Hoje, sexta-feira, estreia na net o mais novo programa da diva Silvetty Montilla, um talk show chamado “Programa da Silvetty”. Imperdível. Sucesso pra ela, além de mega-talentosa, uma alma evoluída num corpo todo trabalhado em Paris. Vai ao ar toda sexta-feira, em http://www.acapa.com.br/ Quer ver? Ela explica tudo aqui:
.
. 2) Dica para quem curte um cinemão. Para quem prefere um lance mais cerebral, começa hoje a 34ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. A gente sempre vai, principalmente para ver filmes alemães que não devem entrar em cartaz ou sair em DVD por estas bandas. Tem bastante coisa com "temática gay" pra ver, muitos filmes bons (e muita porcaria, é claro) é só fuçar no site da mostra: http://www.mostra.org/
.
3) Dica para quem curte um salsichão. Tem para todos os gostos. De todas as cores. De vários tamanhos! Neste final de semana acontece aqui em SP a versão local da Oktoberfest, a Brooklinfest. E é claro que estaremos por lá, tomando muita cerveja, gastando o nosso Deutsch, caindo de boca no salsichão, no Eisbein, e tudo o que tivermos direito. Maiores informações aqui: http://www.sampaonline.com.br/brooklinfest
. Para animar o pessoal a tirar esta bunda da cadeira e entrar no clima alemão, deixo com vocês um clipe da parceria entre o produtor Alex C e a lindíssima cantora Yass (uma espécie de Nicole Scherzinger/Rihanna germânica). Um duo de dance music que só pensa naquilo. Todas as músicas falam de sexo: "Du hast den schönsten Arsch der Welt" (Você tem a bunda mais linda do mundo), "Doktorspiele" (Brincadeira de médico), "Du bist so Porno" (Você é tão pornô) etc. Os clipes mostram closes ginecológicos, urológicos e proctológicos. Não estou exagerando... um pequeno exemplo, aqui com a música "Liebe zu dritt", ou, em bom português, "Amor a três":
Ps. essa é a versão que o Youtube permite... a que saiu no DVD mostra até a racha da racha... mas acho que vocês não fazem questão de ver, né?
1. "Tem gente que é tão pobre, tão pobre, tão pobre que só tem dinheiro"
. 2. ‘‘Me casei oito vezes e sou amiga de todos meus ex. Menos de um psicopata. Um dia acordei de madrugada e ele estava sentado na poltrona vestido de Elke. Um horror’’
. 3. “Já tive homens mais velhos, 27 anos mais jovem e da mesma idade. Sou como aquela bicha da piada: não tenho tipo, tenho pressa”.
. 4. “Forças ocultas tiraram o programa Elke (SBT) do ar, ninguém me deu explicações, mas tenho duas hipóteses. Quando eu dava 3, 4 de ibope, estava bom. Quando subiu para picos de 15, tiraram do ar. Não sei qual o problema deles com ibope. Mas a verdade é que o programa saiu do ar no dia seguinte que coloquei um casamento gay no ar”.
. 5. “Isso não é fantasia. Fantasia você bota no sábado de carnaval e tira na Quarta de Cinzas. Eu sou assim”.
. 6. “Eu nunca quis agredir ninguém! O que eu quero é brincar, me mostrar, me comunicar”.
. 7. “Na roça a gente não tinha acesso a quase nada. Mas quando eu voltei à Rússia, com 22 anos, entendi tudo. O coração da gente muda, mas o DNA, não. E aí eu entendi por que eu gosto tanto dessa arte cheia de detalhes, de surpresas. Eu tenho uma estética bizantina dentro de mim”.
. 8. “Sou extremamente política, mas não sou ativista e nunca fui. Não dá certo. Sou anarquista. Há governo, sou contra. Os governos não resolvem, o ideal tem que estar no coração. Meu coração diz que preciso pagar bem as pessoas, não preciso ser de esquerda ou de direita. Nenhuma esquerda resolveu o problema do povo. Sou contra bandeiras, sou a favor de boas maneiras. Todo mundo que segurou bandeira, acabou traindo. Veja nosso Lula, traiu a bandeira. O poder não corrompe, revela”.
. 9. “Um dia (por volta dos 18 anos) eu acordei de manhã, fui no meu armário e vi que só usava preto. Eu pensei: “Nada disso”. Peguei uma calça e rasguei toda, botei uma meia roxa, enchi a cara de batom, desgrenhei o cabelo e fui para a rua. Levei porrada (de pessoas que se incomodaram com sua aparência). Meu dente entrou pelo lábio, tenho a marca até hoje. Fui parar no hospital Miguel Couto. Mas pior foi tomar cuspida na cara, como aconteceu em Ipanema. É difícil ser a primeira, a ousar, a usar esse visual. Atualmente não assusto mais, mas tem gente que acha que sou travesti. Agrado as minorias. Inclusive sou madrinha dos presidiários”.
. 10. "Aceitei participar dessas festas temáticas porque são alegres. Mas só as do Rio. As de São Paulo são chamadas 'trash', e eu não sou lixo."
Tudo começou como um personagem secundário numa série produzida para o The Sims. Mas a criatura ganhou vida própria, tomou conta do mundo virtual via Youtube, e hoje já é um dos grandes nomes da nossa cultura pop. Estou falando, é claro, dela, da musa, da diva, da única e insuperável Ximbica.
Seus vídeos - com versões politicamente incorretas de clássicos pop que vão de Angélica à Mariah Carey e Madonna - viraram febre, e hoje em dia é impossível ouvir as canções originais sem cantarolar os versos ximbiquianos...
E não é que a diva voltou com tudo, agora numa versão hilária de Telephone, hit da Lady Gaga?
Nesta nova empreitada, fazendo as vezes de Beyonce brasileira, ninguém menos do que a dragNany People!
Segue abaixo o vídeo clipe, para quem quiser conferir.
Ximbica & Nany People – Telefone
No site da artista (aqui) vocês podem encontrar as canções em mp3, além das letras para cantar junto...
Quem ouve a Rádio Energia 97 (a melhor rádio de dance music da atualidade) já conhece o programa, mas não custa lembrar aqui também.
Todo domingo rola na rádio (97,7) o programa Freedom, dedicado aos melhores DJs da cena GLS, mixando ao vivo, durante uma hora, nos estúdios da emissora.
Nomes como Mauro Borges, Paulo Ciotti, Robson Mouse, Junior Peron, Paulo Agulhari e Filipe Guerra são figuras carimbadas por lá. Nas pick-ups, o melhor do Tribal House e suas vertentes.
O programa vai ao ar todo domingo, das 18 às 19 horas.
Tá aí uma boa maneira de começar bem a semana (não custa lembrar que a semana começa no domingo, né?) ou fazer o “esquenta” pra quem tá saindo de casa para pegar uma matinê no domingão.
O site da Energia 97, para quem quiser ouvir pela internet, é este aqui.
O paredão desta semana coloca em cena um duelo de gerações no universo gay. De um lado, Serginho, bem a cara de sua época, em que cada vez mais os garotos se assumem desde cedo para a família e a sociedade e vivem sua homossexualidade sem maiores dramas. Do outro lado, Dicésar, quarentão, filho de uma geração que teve de esconder por anos sua homossexualidade, muitas vezes até mesmo lutar contra ela (ele chegou a estudar em seminário) - uma geração que comeu o pão que o diabo amassou, cujos frutos são colhidos pelos jovens.
Particularmente, sou exatamente o meio termo entre estas duas gerações,o gay da casa dos 30 (ainda na primeira metade). Assim sendo, vivo num mundo com uma aceitação e convivência melhores, mas ainda passei pelos dilemas enfrentados pela geração anterior. Apesar disso, vejo bem pouco de mim nos dois, não torço por nenhum deles, consigo me identificar até mais com características de outros participantes. Como já disse desde o início da atração, não acho que o fato de alguém ser gay fosse motivo para torcida, minha identificação é com o indivíduo, não com o coletivo ou suposta representatividade. Fui com a cara da Angélica, simpatizo com o Kadu (me vejo muito nele, pois também tive de fugir da artilharia pesada feminina por muitos anos...) e até com a da surtada da Maroca.
Não conheço o Dicésar nem o Serginho aqui no mundo real, mas ambos me parecem boas pessoas. Entraram na casa graças a personagens que representam na noite, mas quem apareceu para o público foi a pessoa por trás da máscara. Leio em algumas comunidades pessoas que os conheciam aqui fora e dizem que estão irreconhecíveis lá dentro. Será? Acho que as pessoas estão confundindo os personagens com os criadores, ficção com a realidade. Seria amigo de algum deles aqui fora? Sei lá. O que mais gostei na história dos “coloridos” foi justamente não terem formado uma panelinha dentro da casa.
Quem sai? Por mim, ambos poderiam sair sem maiores prejuízos à atração. Mas, a julgar pelo burburinho, diria que o Serginho deve sobreviver ao paredão.
Nossa querida Renata Peron segue seu caminho rumo ao estrelato. Para quem não viu, aqui está o vídeo com sua participação no programa de calouros do SBT. Nossos parabéns, e continue levando sua arte a todas as pessoas, pois cultura e talento independem de orientação sexual!
Fim do horário de verão, noite de sábado com uma hora a mais – um bom motivo para sair e aproveitar. Nada de chuva, um calor agradável, lá fomos nós, meu gato e eu, aproveitar bastante meu último sábado antes da volta ao batente no trabalho. Pra mim, literalmente, o ano começa depois do carnaval.
Vamos pular a primeira parte do programa noturno (pra bom entendedor...) e ir direto ao assunto do post.
Começamos o aquecimento dando uma volta pelo Arouche, Vieira e adjacências, e quando a sede foi mais forte, entramos no Habeas e fomos tomar umas cervejas para entrar no clima. Ontem o local estava um tanto diferente do usual, muitos casais, acho até que eram a maioria. Muitas caras novas, muitas caras conhecidas (sem mencionar, e já mencionando, muita gente feia...), em suma, o bar estava cheio, como sempre. O problema é que agora só há um garçom atendendo aos clientes, o que faz com que muitas vezes você tenha de se contorcer em inúmeros malabarismos para que seja percebido e possa pedir uma bebida. Depois das 23h, então, considere-se uma bicha de muita sorte se conseguir que sua cerveja chegue à mesa antes de você entrar em crise aguda de desidratação...
Com um calor daqueles, os dois bonitões aqui foram desfilar a beleza lá na rua, sentar na praça, jogar conversa fora, contrariar a ordem da vigilância sanitária e tomar uma daquelas batidas que os caras vendem em carrinhos, falar mal dos passantes, enfim, tudo o que a variada fauna da região nos permite – e que realmente confere ao centrão aquele ar todo especial de décadence avec élégance que tanto nos agrada.
Como a noite era especial, eis que num passe de mágica ganhamos uma hora a mais, e fomos nos jogar na pista da Cantho. Gosto muito de lá, acho que a Cantho consegue oferecer um padrão um pouco mais elevado do que a região em que se encontra, inclusive no público (ontem havia até apresentadora da Record por la...), mas ao mesmo tempo há uma integração ao meio que impede que se tone um elefante branco no meio da sala.
Logo que entramos, aproveitamos e fomos nos abastecer no bar. Pedimos uma caipirinha, mas devo mencionar aqui que aquilo era tudo, menos uma caipirinha... provavelmente havia dois dedos de bebida para meio quilo de gelo no copo. Em duas sugadas de leve no canudo, tudo o que restara no copo era gelo... Não deu nem pra arranhar a úvula, e tivemos de compensar a defasagem alcoólica com outro drink, que tinham gosto de suco de laranja de pobre – uma laranja espremida e uns litros de água. Você percebe lá longe que há uma vaga presença da fruta. Pelo menos, neste caso, no lugar da água havia alguma concentração etílica...
Na Cantho acontece um fenômeno bem engraçado. No começo da noite há uma timidez generalizada, ninguém tem coragem de dançar na pista (também vimos isto no Bailão). Alguns ensaiam algum movimento perto do bar, mas a pista fica vazia. Acho que deveríamos ser contratados da casa, pois é a terceira vez que literalmente abrimos a pista.... estamos ali pra dançar, não? Então a gente dança mesmo, a pista é toda nossa... Ontem, em especial, o DJ que abriu a noite não estava ajudando muito, logo depois de uma música que conseguia tirar a galera do limbo, ele vinha com outra que fazia o pessoal voltar para as trevas... até a dupla animada aqui ele conseguiu fazer parar de dançar... Uma coisa que não dá é pro DJ tocar de costas pra pista, como aconteceu por muito tempo.
Depois o som foi melhorando, e o público foi acordando pra noite. Por falar em público, acho que a Cantho é uma das casas GLS (esta ainda é minha sigla preferida) com maior número de “S” que a gente conheceu. Muitos casais do tipo “homem + mulher”, muita mulher (entendidas e desentendidas). Aparentemente, todos convivem bem. Digo isso pois muitas casas GLS estão tendo problemas com a “invasão hetero”, como pude perceber numa discussão na comunidade Eu Adoro Drag Music, do Orkut.
No meio da noite, o som da pista é invadido por gritos... não, nada de errado, a cortina do palco se abre e surge a drag-atriz-modelo-e-apresentadora Silvetty Montilla, para apresentar um pocket show. Recepção muito boa do público, que entra no clima e participa das brincadeiras, incluindo quatro pessoas que foram convidados a subir ao palco... Gostamos muito do bom humor da apresentação, rimos muitíssimo e fomos embora com o espírito renovado para encarar a semana.
Na volta pra casa, comentando com meu “namorido” sobre esta questão do bom humor tão característica da comunidade gay, a gente ficou pensando na diferença que existe entre a militância em geral (não só a gay) e o pessoal que vive a homossexualidade com alegria. Se há uma coisa que eu não suporto em militantes, é a total incapacidade de rir. Já reparou que todo militante sempre tem um ar sisudo, uma cara fechada, de quem carrega o fardo de uma causa nas costas? A gente entende e apóia a luta por direitos – e deveres – iguais, é claro, mas acho que dá pra fazer isso de uma forma mais positiva, não? Acho que é isso que a gente tenta fazer aqui no blog, e que as drags e muita gente faz, de modo indireto, no dia a dia. Nunca custa lembrar: na sua origem, a palavra GAY, em inglês, significa “alegre, feliz”. Não poderia haver melhor palavra para nos definir, não é mesmo?
Boa semana, e um Feliz Ano Novo a todos vocês! E para terminar no clima de alto astral, fiquem com o vídeo da drag-atriz-modelo-apresentadora-e-entrevistadora Silvetty Montilla em "participação" no Caldeirão do Huck...
Ps. Um último detalhe: estávamos sem relógio, a bateria do meu celular acabara, ele esquecera o seu em casa. Literalmente estávamos totalmente perdidos na noite, mais do nunca fizemos justiça ao nome do blog.
Está pintando nas telinhas um seriado nacional que vai abordar o universo gay. O projeto, da produtora Dum Produções, vai se chamar “Arouche by Night”, contará em 11 episódios o cotidiano de diversas personagens homossexuais. A direção do programa ficará a cargo de Théo Faria – entre outras coisas, filho do ator de Reginaldo Faria.
A estréia está prevista para maio deste ano, e as negociações para a transmissão estão sendo feitas com canais de TV a cabo, além de emissoras da internet e com a Rede TV.
William Lemos, o autor da série, explica o teor da trama:“Quando a gente fala ‘seriado gay’, todo mundo imagina que é só sexo, mas será como uma novela, mostrando o cotidiano dos gays numa espécie de comédia romântica”.
Sem dúvida é uma bela iniciativa, que deve ser celebrada por todos da comunidade gay, em especial por fazer justiça a este verdadeiro oásis de lazer, sociabilidade e alegria que é o Largo do Arouche, cenário da série. Nós dois, aqui do blog, amamos este cantinho de SP e nos sentimos em casa quando estamos por lá.
Nossa TV é craque em fazer novelas, mas ainda engatinha quando o assunto é sitcom. Nossos atores são bons, o problema, em geral, é mesmo de roteiro, de saber o timing certo da comédia, da forma de apresentação da trama em capítulos independentes.
Aliás, espero que a série seja realmente focada no lado cômico das personagens, e resista bravamente à patrulha que pode querer transformar a idéia em peça de propaganda de militância. Já dizia o poeta Horácio, lá na Roma Antiga, “rindo, corrigem-se os costumes”. A comédia continua sendo a mais subaproveitada ferramenta crítica, não só na TV, como também no teatro, e principalmente, no cinema nacional.
Um bom roteiro, elenco talentoso e direção antenada vencem qualquer barreira, e com estes ingredientes a série tem tudo para ser sucesso não apenas com o público gay – afinal, que graça tem pregar apenas para convertidos, né? A maior prova é o cinema do genial, maravilhoso e sensacional diretor Pedro Almodóvar, que, graças a seu talento, é capaz de seduzir a agradar a todos aqueles que sabem apreciar um trabalho de qualidade - mesmo abordando o universo gay de forma explícita e central em sua obra.
Maiores informações sobre o projeto podem ser obtidas no blog da série, que se encontra entre os indicados aqui no Dois Perdidos na Noite.
No dia 27 de fevereiro vai acontecer o coquetel de lançamento do site oficial do seriado, na boate Ultra Club, aqui em São Paulo, quando estarão presentes, segundo os organizadores do evento, “veículos da imprensa, artistas, elenco, produção, parceiros e personalidades que representam a diversidade.”