quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dois Perdidos no Cabaré de Georgette Dee


Meu trabalho acadêmico (e meu ganha-pão) é justamente a pesquisa na área da história da música, o que me dá a felicidade de unir o útil ao agradável. Ultimamente tenho pesquisado bastante sobre os cabarés alemães do período anterior à Segunda Guerra Mundial. E sempre esbarro na questão gay, pois foi um dos períodos mais fascinantes e em que a liberdade (homos)sexual mais esteve em voga. A Berlim dos anos 30 foi onde surgiram, inclusive, as primeiras drag-queens. Se hoje é comum ver um travesti dublando, tudo começou lá nos cabarés. Em Berlim, os cabarés mantinham um glamour decadente, diferente da suntuosidade de um Moulin Rouge, eram verdadeiros locais de contestação política e sexual, com mulheres vestidas de homens, casais gays reunidos. Pena que veio o nazismo e acabou com (quase) tudo.
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Embora não tenham mais a mesma força dos seus anos áureos, ainda hoje existe um bom número de cabarés em Berlim. Um dos artistas mais renomados por lá é a travesti Georgette Dee.
Não se sabe seu nome de nascimento, apenas o artístico. Ao lado do pianista Terry Truck (ambos na foto acima), Georgette se tornou um dos maiores nomes do estilo, tendo gravado vários álbuns, além de se apresentar em espetáculos, peças e filmes. Sucesso de público e crítica, ganhou, entre outros, o Deutscher Kleinkunstpreis e o prêmio da crítica do jornal Berliner Zeitung, além de ter sido eleita pelo jornal Die Zeit como a "maior diva alemã em vida".
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Faça a phynna e confira um pouco do talento da moça do vídeo abaixo, tirado do seu DVD "Georgette Dee & Band – live im Schauspielhaus Leipzig", lançado em 2009. A canção se chama "Mann in meinen Armen" (O homem em meus braços).



Ela também canta em inglês. Um de seus últimos trabalhos foi um projeto capitaneado pelo sensacional Rufus Wainwright, interpretando sonetos de Shakespeare no lendário Berliner Ensemble. Dá pra ver aqui no youtube.
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Ps. Postagem dedicada ao nosso querido leitor Anônimo que falou que pretende aprender alemão. Essa letra é fácil, volte ao post depois de uns meses e veja o que já entende...

5 Comentários:

FOXX disse...

como vc tem leitores anônimos né?

=D

DPNN disse...

Temos leitores anônimos, famosos e também anônimos famosos... são todos bem-vindos por aqui, sem preconceito algum.

BsVox disse...

Post fascinante. Eu ja vi alguns videos que mostravam os cabares cheios de gays dançando, beijando-se e etc. Paradoxa como o Nazismo destruiu tudo.
O recrudescimento do conservadorismo me assusta por isso.
O Nazismo é um paradoxo: sociedade social e liberal que se torna facista. Medo.
Vc ja viu uma peça chamada "Eu sou minha própria mulher"? Retrata a historia de um travesti que atravessou o Nazismo e o comunismo na Alemanha. É linda!
Eu vi no Rio. Se tiver oportunidade, veja.

Anônimo disse...

Darling 01;
(Deixei um comentário ontem aqui, mas não foi postado!).
Vielen Dank pela homenagem. Fiquei bem feliz. Sou de origem alemã. Meu avô fugiu da guerra como muitos para cá. Mas o alemão ou qualquer coisa vinculada à Alemanha eram proibidos na minha família; você bem sabe o porquê. Depois que comecei a visitar o blog, a vontade de aprender a língua apareceu. Pois, a Alemanha não era mais coisa do capeta!
Obrigado
amo vocês.

DPNN disse...

BSvox, obrigado pela dica, vou procurar informações sobre a peça, me interessa bastante!

Anônimo, deve ter sido problema do blogger, às vezes ele some com os comentários. Sei bem como é o seu caso, tive muitos alunos que eram filhos de alemães, mas que só resolveram aprender a língua depois da morte dos pais. Infelizmente a Alemanha ainda vai demorar muito até superar os seus fantasmas, mas as novas gerações estão construindo um país bem diferente. Em matéria de tolerância e liberdade sexual, estão uns dois séculos na nossa frente.

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