Ney Matogrosso, em 10 Declarações
1) Eu adoro ser homem, adoro ter peito cabeludo, adoro ter pau.
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2) Não vim carregando a bandeira da defesa dos direitos gays. Até tentaram colocá-la na minha mão, porque era conveniente. E eu disse: não, não, não. Muitas outras coisas me interessam, não quero ficar restrito a isso. Tirem essa bandeira da minha mão, não aceito, nunca aceitei. Limita a liberdade. Defendo outros parâmetros de direitos: ser feliz, coerente, decente, honesto.
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3) Tenho horror de gueto. Não quero viver como nos Estados Unidos. Lá você pode tudo, desde que cada um no seu cada qual. Deus me livre! Deus me livre de ir num cruzeiro gay. O que eu vou fazer num cruzeiro gay? Eu gosto da mistura, acho que a revolução é todas as diferenças convivendo em harmonia. Eu acredito nisso, não num cruzeiro gay.
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4) Quando a pessoa coloca o filho pra fora de casa por causa da sua sexualidade, aí, sim, ele vai ser marginalizado, pode até se transformar num travesti. Nem tenho nada contra eles, mas acho que não deve ser uma vida fácil, de estar se prostituindo. É uma vida marginal. Eu acho que quase todos esses meninos que estão se prostituindo como travestis é porque foram expulsos de casa. Há exceções, claro.
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5) Homossexual, heterossexual, isso tudo é uma bobagem. É tudo sexualidade humana. Tudo isso são rótulos, é mais uma forma de manipulação, é uma palhaçada. Isso não interessa. O que importa é a liberdade de se expressar sexualmente. O ideal é que todo mundo se expresse livremente tanto com homens ou com mulheres, do jeito que bem entender. Acho que isso não deve ter nome.
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6) Eu tinha muito medo disso, medo de transar com homens e virar um estereótipo. Aí, eu entendi que você pode transar com quem você quiser – com homem ou com mulher. Mulher com mulher, homem com homem – e não precisa virar nada. Esses estereótipos são muito chatos, tipo “mulher machona”, “homem “viadinho”... O mais atraente é você continuar a ser uma pessoa normal.
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7) Houve melhora, o gay é mais bem-aceito. Mas tudo tem dois lados. Descobriu-se que os gays são consumidores maravilhosos, em geral bem empregados, sem filhos, com boa renda... O mercado está aproveitando esse filão. Tem até cruzeiro marítimo gay. Deus me livre de um cruzeiro gay! Defendo o direito das pessoas, mas defendo meu direito de não ir a um cruzeiro gay.
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8) Sou uma pessoa muito liberal, acho que tudo pode, mas isso (hoje) nem é um excesso de liberalidade, é mais uma vulgaridade que impera. Isso me incomoda. Há uma banalização da nudez, do sexo. É interessante poder se expressar, mas agora não é contra nada, é uma decadência generalizada.
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9) Tenho fé, acredito num princípio amoroso que mantém as células coesas. Não acredito num Deus com um dedo apontado para mim, que vive dizendo que sou culpado e que devo ser castigado. Não acredito nisso, num Deus raivoso. Acredito num princípio criador, num princípio gerador de tudo, do Universo, da vida. E, aí, ele não precisa ter nome. Mas confio nele, fazendo parte dele, sei que sou parte disso. Acredito que ele não é maléfico, jamais poderá ser maléfico esse principio gerador, que é amoroso.
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10) Eu estava na aeronáutica, aí saí numa varanda ao redor do nosso alojamento, fui lá fora e dei de cara com dois... eu tinha um estereótipo na minha cabeça, que homem tinha que ser efeminado, uma coisa que eu via lá em Mato Grosso, uma única pessoa da cidade, e eu tinha horror daquilo... aquele que passa na rua e todo mundo achincalha. Eu tinha horror disso. Mas aí eu saio nessa varanda e vejo dois remadores dessa largura, um sentado, o outro no meio das pernas dele, os dois abraçados. E você não sabe, descobri que existia uma coisa ali que ultrapassava as palavras, ultrapassava o que eu estava vendo. Existia uma coisa invisível, que era um sentimento. E não eram dois viadinhos, eram dois homens másculos. Aquilo para mim foi assim... um véu se rompeu naquele momento, e me mostrou a possibilidade. sabe, você não precisa ser nada, você não tem que ser nada, você não precisa ser...
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2) Não vim carregando a bandeira da defesa dos direitos gays. Até tentaram colocá-la na minha mão, porque era conveniente. E eu disse: não, não, não. Muitas outras coisas me interessam, não quero ficar restrito a isso. Tirem essa bandeira da minha mão, não aceito, nunca aceitei. Limita a liberdade. Defendo outros parâmetros de direitos: ser feliz, coerente, decente, honesto.
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3) Tenho horror de gueto. Não quero viver como nos Estados Unidos. Lá você pode tudo, desde que cada um no seu cada qual. Deus me livre! Deus me livre de ir num cruzeiro gay. O que eu vou fazer num cruzeiro gay? Eu gosto da mistura, acho que a revolução é todas as diferenças convivendo em harmonia. Eu acredito nisso, não num cruzeiro gay.
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4) Quando a pessoa coloca o filho pra fora de casa por causa da sua sexualidade, aí, sim, ele vai ser marginalizado, pode até se transformar num travesti. Nem tenho nada contra eles, mas acho que não deve ser uma vida fácil, de estar se prostituindo. É uma vida marginal. Eu acho que quase todos esses meninos que estão se prostituindo como travestis é porque foram expulsos de casa. Há exceções, claro.
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5) Homossexual, heterossexual, isso tudo é uma bobagem. É tudo sexualidade humana. Tudo isso são rótulos, é mais uma forma de manipulação, é uma palhaçada. Isso não interessa. O que importa é a liberdade de se expressar sexualmente. O ideal é que todo mundo se expresse livremente tanto com homens ou com mulheres, do jeito que bem entender. Acho que isso não deve ter nome.
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6) Eu tinha muito medo disso, medo de transar com homens e virar um estereótipo. Aí, eu entendi que você pode transar com quem você quiser – com homem ou com mulher. Mulher com mulher, homem com homem – e não precisa virar nada. Esses estereótipos são muito chatos, tipo “mulher machona”, “homem “viadinho”... O mais atraente é você continuar a ser uma pessoa normal.
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7) Houve melhora, o gay é mais bem-aceito. Mas tudo tem dois lados. Descobriu-se que os gays são consumidores maravilhosos, em geral bem empregados, sem filhos, com boa renda... O mercado está aproveitando esse filão. Tem até cruzeiro marítimo gay. Deus me livre de um cruzeiro gay! Defendo o direito das pessoas, mas defendo meu direito de não ir a um cruzeiro gay.
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8) Sou uma pessoa muito liberal, acho que tudo pode, mas isso (hoje) nem é um excesso de liberalidade, é mais uma vulgaridade que impera. Isso me incomoda. Há uma banalização da nudez, do sexo. É interessante poder se expressar, mas agora não é contra nada, é uma decadência generalizada.
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9) Tenho fé, acredito num princípio amoroso que mantém as células coesas. Não acredito num Deus com um dedo apontado para mim, que vive dizendo que sou culpado e que devo ser castigado. Não acredito nisso, num Deus raivoso. Acredito num princípio criador, num princípio gerador de tudo, do Universo, da vida. E, aí, ele não precisa ter nome. Mas confio nele, fazendo parte dele, sei que sou parte disso. Acredito que ele não é maléfico, jamais poderá ser maléfico esse principio gerador, que é amoroso.
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10) Eu estava na aeronáutica, aí saí numa varanda ao redor do nosso alojamento, fui lá fora e dei de cara com dois... eu tinha um estereótipo na minha cabeça, que homem tinha que ser efeminado, uma coisa que eu via lá em Mato Grosso, uma única pessoa da cidade, e eu tinha horror daquilo... aquele que passa na rua e todo mundo achincalha. Eu tinha horror disso. Mas aí eu saio nessa varanda e vejo dois remadores dessa largura, um sentado, o outro no meio das pernas dele, os dois abraçados. E você não sabe, descobri que existia uma coisa ali que ultrapassava as palavras, ultrapassava o que eu estava vendo. Existia uma coisa invisível, que era um sentimento. E não eram dois viadinhos, eram dois homens másculos. Aquilo para mim foi assim... um véu se rompeu naquele momento, e me mostrou a possibilidade. sabe, você não precisa ser nada, você não tem que ser nada, você não precisa ser...
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13 Comentários:
"E não eram dois viadinhos, eram dois homens másculos", ele realmente apagou o estereótipo da cabeça dele? ele continua lá o perseguindo.
acho graça esse povo que fica tegiversando sobre estereótipos e, como disse o Sr Raposo, cai neles sem (?) querer. gosto do ney mas acho que nisso aí ele acaba pondo os pés pelas mãos.
sempre tive pra mim que esse lance de gostar de pessoas, sem rótulos, é coisa de bicha não resolvida ou sou eu o ignorante?
vai saber....
Foxx, eu até entendo o que ele diz. Quando eu era criança, as únicas imagens de gays que eu tinha, via TV, eram a Roberta Close e a Rogéria. E eu não era, nem queria ser como elas. Anos mais tarde, quando vi que havia outros modos de ser gay, foi um alívio. E o mundo agradece, eu seria um travesti medonho.
Melo, eu também pensava assim, até que conheci uma pessoa que realmente vive desta forma, na maior naturalidade do mundo. Uma hora está com homem, na outra com mulher... E ela é MUITO bem resolvida com isso. Pode ser uma exceção, mas sim, esse tipo de pessoa existe.
Um mundo à parte. Ao longo da vida, o Nei foi um corajoso transgressor de si mesmo, mas, inconscientemente, das gerações que vieram após. O que ele causou à sociedade em geral talvez valha tanto ou mais do que um grupo de pessoas militantes LGBT, as quais, individualmente, não têm repercussão social. Por isso, tem o meu respeito.
Não se pode dizer que ele seja o estereótipo do homem macho; alfa. Ao contrário.
E mesmo que ele discorde, sempre o vi como uma pessoa afeminada que cultuou muito mais o lado feminino e fez dele a sua fonte de trabalho. Isso tudo aliado ao talento, ao trabalho intenso e outras circunstâncias o fizeram chegar hoje numa posição privilegiada. Então, pra que mesmo levantar bandeiras a esta altura?
Independentemente do que expus, os artistas bem sucedidos não têm sexo nem estão presos a guetos ou a tribos específicas. Pertencem ao todo ou a todos que o admiram.
Enfim, não achei as suas declarações egoístas ou alienadas pelas razões que já citei.
[tá meio confuso. Tb achei]
Achei uma pegada Clodovil,principalmente quando o falecido não queria ver casamento gay.Lástima.
O Ney não tem medo mesmo: põe o dedo na ferida, fala c/ uma franqueza desconcertante, não faz média c/ a nossa (pobre) militância, que, rapidamente veste a carapuça, ignorando (ignoram muita coisa...rsss) que, o que Ney defende até hoje nos palcos, é muito mais valioso que um milhão de discursos gays. Até por serem discursos ensimesmados, pois na maioria das vezes não conseguem ultrapassar o gueto. Ney ultrapassou o gueto, desafiou toda a sorte de moralidades, levando a possibilidade da liberdade de expressão p/ todos, independente de sexo, credo ou raça, e é, antes de tudo, um militante da originalidade, tanto nos palcos, como em sua vida pessoal, aliás, muito discreta. Concordo qdo ele diz que seria muito conveniente p/ o sistema que ele levantasse a bandeira gay: minimizaria tudo o que o incomoda neste país, desde a causa indígena até a corrupção, e ele sempre falou de tudo isso. Se a sexualidade ganha eco maior nas entrevistas, é porque, aos olhos da imprensa (gde parte dela ainda vive do escandalo), este é um assunto mais atraente no sentido de despertar polêmica.
E acho que, em cena, Ney tem uma performance tão original, tão inusitada, que ele desafia todos os esteriótipos, desafia qualquer padrão comportamental. Ney é totalmente sui generis, desde a voz, até o 'jeito de corpo". Bobagem dizer que ele tbem caiu no esteriótipo, pois ele não pode ser enquadrado no que a sociedade considera "másculo" ou "feminino".
E, afinal, concordem ou não, se no Brasil de hoje todo mundo pode expor livremente seu pensamento, deve-se, em gde parte, a este gde artista, que na fase mais negra da ditadura, ousou afrontá-la e c/ a mais contundente das armas: a sua prórpria imagem, que representava a negação de tudo que os militares queriam impor.
Ufa, escrevi demais! Me distraí pensando em Ney, agora chega, abraços a todos!
É realmente tênue a linha entre viver livre e viver um preconceito disfarçado. E difícil saber qual é a do Ney sem conhecê-lo e a sua vida. Acredito sim que existam pessoas com esse tipo de liberdade. Mas também acredito que a (pobre) militância, quer eu queira quer não, também tem um papel muito importante nessa liberdade.
Confesso gostar da personalidade do homem, mas não acho que o mesmo seja coerente em algumas vezes. Mas quem sou eu para condenar? Viva a democracia e o direito de qualquer um achar o que bem entender.
Eu concordo com ele. Acho que não me resumo a ser gay, nunca iria a um cruzeiro gay e detesto gueto!
Sou antes de tudo o Dan, publicitário, filho do meu pai e da minha mae, amigo, namorado e também gay!
Me resumir a qualquer esteriótipo seria injusto comigo mesmo. Ser gay não é problema, muito pelo contrário, mas eu sou muito mais do que isso! Ser gay me completa, mas não me limita! Me alegra a diversidade, os meus amigos heteros (que são muitos), meus amigos gays, meus amigos seja lá como ele for! Me alegra um lugar (balada, viagem, shoppings, qq lugar) onde todos se sintam bem, e fiquem a vontade, independente de sua orientação sexual.
Somos pessoas e não temos mesmo que nos resumir a nada!
:)
Dan, bem por aí. maridão e eu pensamos da mesma forma que você. Ser gay é só mais uma parte de nós, tem sua importância, mas não é necessariamente a mais importante a ponto de (de)limitar nossa vida.
Gregório, muito bom ver um comentário como o seu, contextualizando os pontos levantados, e, principalmente, com conhecimento de causa! Foi exatamente por isso que selecionei estas declarações do Ney Matogrosso. Infelizmente estamos acostumados ao politicamente-correto e ao vitimismo, um discurso que uma figura como o Ney jamais vai repetir.
Junnior, não ficou confuso, deu pra entender perfeitamente.
Edu, sobre a militância brasileira atual, sendo bem sincero, acho que ela mais atrapalha do que ajuda.
Sob o ponto de vista teórico acho as declarações do Ney pertinentes, mas um tanto qto descompassadas com a própria realidade dele ... ele tb tem o estereótipo dele e isto, por mais q ele tente negar, é algo concreto ...
No resto está bem ... para mim sexualidade é algo q está intimamente relacionada com liberdade ... assim como os estereótipos ...
Que pena não podermos ter nos conhecido neste final de semana q passou ... fica para outra oportunidade ...
bjux
;-)
Seja vc mesmo, ou não seja vc mesmo, seja um viado ou um macho ou até uma mulher ou traveca , bicha, tanto faz. Vá na dos outros ou fique na tua, tanto faz. É tudo a mesma coisa. Uma coisa é certa: a honestidade, eu fico nessa. Honestidade sim, podem rir de mim , não tem problema. Sou anônimo não preciso provar nada pra ninguém. Anônimo é uma coisa muito boa.Há milhões ou bilhões de pessoas e vc nem existe que blz. Muito bom ser anônimo. Mais opinando, acho que ser viado é melhor que ser macho, melhor ainda é ser traveca, não ter preocupação sexual é uma blz ,é jóia bicho ou melhor bicha.Imagine vc ter que provar que é homem esses tipos de coisas. Aliás, provar que é macho é ficar a vida toda na infância, nunca ficar adulto .Mais também é bom ficar sempre criança. tanto faz.
Acho que deus é bom , tudo que for bom.Imagine vc na pior e depois sair , que bom isso que é deus ficar bom. tudo de bom.Deus fez o homem a sua imagem e semelhança e o o homem fez deus a sua imagem e semelhança. Nós somos semelhantes a bichos e temos até pêlos no corpo. Alguns são peludos. Mais é só depilar ou raspar. Mais é bom ser peludo e também pelado.Pelado é bom. Peludo é bom. Ter pau é bom. Sou fã do Ney Moto Grosso. Ele é o cara! Aliás , sempre foi o cara! lembram? dos Secos e Molhados, que massa! é o CARA.
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