Um Perdido no 3. Congresso Internacional de Jornalismo Cultural
Ói nóis aqui otra veiz...então vamos tirar o atraso! Como eu comentei no post anterior, participei na semana passada do 3. Congresso Internacional de Jornalismo Cultural, lá no SESC Vila Mariana. Não sou jornalista formado, mas posso dizer que o que faço aqui no Dois Perdidos Na Noite é jornalismo cultural, então não pensei duas vezes ao receber o convite.
O evento em si foi muito bom, realmente superou minhas melhores expectativas. Foram quatro dias de atividades que contribuirão bastante para o trabalho aqui no blog. E, é claro, não perdi a oportunidade de divulgar o DPNN por lá, para espanto do maridão, que ainda consegue se surpreender com minha cara de pau.
Logo no primeiro dia, nada mais nada menos do que uma palestra com o mega-diretor de cinema Werner Herzog (não sabe quem é? Joga no google!). O alemão esbanjou bom humor e surpreendeu muita gente ao falar do papel que o cinema brasileiro teve como influência em sua obra.
Foram inúmeros debates com editores de publicações como Estado de SP, Folha de SP, Veja, Rolling Stone e sites culturais. Muito se falou sobre o papel dos blogs, e uma das questões mais interessantes foi a de que os blogs em geral surgem como meios alternativos de jornalismo cultural, mas acabam sendo meros reprodutores do que os grandes veículos divulgam. Este é um problema que eu já sentia no mundo dos blogs gays. É frustrante ver que a maioria dos blogs fala sobre os mesmos temas, em geral apenas repetindo o senso comum. São raros os blogs em que a gente encontra uma opinião do autor, e mais raros ainda aqueles em que essa opinião possui algum embasamento, não sendo mera expressão de achismos. Como um dos debatedores colocou: está faltando aos blogs assumir o lado "amador" do jornalismo, ou seja, escrever sobre algo com paixão pelo tema. De jornalismo burocrático o mundo já está cheio, né?
Puxando a brasa pro nosso lado gay da força, gostei bastante da palestra do escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, que falou sobre sua "Trilogia suja de Havana", obra repleta de passagens nas quais a sexualidade é figura principal. Uma das personagens que ele discutiu no evento foi justamente uma travesti chamada Sandra. A mediação ficou a cargo do engraçadíssimo jornalista Xico Sá, que trouxe ainda mais pimenta ao debate.
Outra palestra memorável foi a da intelectual americana Camille Paglia, professora na The University of the Arts, na Pensivãnia. Lésbica assumida, foi o primeiro homossexual de sua universidade. Adorei sua palestra, a mulher é uma verdadeira show-woman, daquelas raras pessoas que falam sobre um assunto com paixão, seu entusiasmo era evidente. E sua metralhadora giratória não poupou ninguém: detonou as feministas, o carão das lésbicas, e, para minha extrema felicidade, falou em bom tom que Foucault é um cara supervalorizado e que pode e deve ser ignorado. Como pesquisadora da cultura pop, foi a primeira acadêmica a estudar a Madonna, ainda nos anos 80, e defendê-la como a manifestação da mulher do futuro. Em contrapartida, detonou a Lady Gaga, pois para ela, e concordo plenamente, a cantora não apresenta o menor conteúdo de sexualidade em sua obra, e acaba chocando por chocar, sem qualquer tipo de contestação real. O mais legal é que do meu lado havia uma lésbica no maior estilo "caminhoneira" - imaginem o típico clichê, era ela - que estava quase subindo ao palco para bater nela... o auge foi quando ela detonou a feminista Susan Sontag... aí a lésbica não se conteve e falou "como ela se atreve a falar mal da Susan Sontag?". Eu ri...
Por falar em gente do meu lado: havia muita gente famosa da área de teatro, artes plásticas e coisa do tipo por lá. Eu não conhecia a maioria, diga-se de passagem. Fiz amizade com uma negra ultra-mega-hiper-estilosa de meia idade e ficamos conversando os quatro dias do evento. As pessoas chegavam pedindo para tirar foto com ela, autógrafo e tudo mais. Eu não tenho a menor ideia de quem ela seja, só sei que é atriz, pois num dos debates com diretores ela me contou sobre um trabalho que fizera com um deles. E também havia feito vários filmes, até trabalhado com o Glauber Rocha, pois ele era um dos homenageados do evento e ela também comentou sobre suas experiências com ele. Mea culpa: diante de minha total ignorância, fiquei com vergonha de perguntar o nome dela...
Outras gratas surpresas: Zeca Balero foi debater sobre crítica musical e se mostrou um cara muito mais legal do que eu pensava. Não suporto sua música, mas confesso que gostei muito dele como pessoa, pois não é o cara deslumbrado e arrogante que eu pensava. Outro que me surpreendeu foi o cineasta Hector Babenco. O cara é extremamente ácido nos comentários, mas muito bem humorado. A identificação foi total com este que vos escreve...
Foram quatro dias acordando às 6 da madrugada, como peão, mas valeu a pena sair um pouco do meu habitat natural do mundo acadêmico e ver outras oportunidades de debates em temas que são do meu total interesse pessoal. O saldo foi muito positivo e tenho certeza de que aprendi muita coisa que será de grande valia ao Dois Perdidos Na Noite.
7 Comentários:
pior é sua amiga não ter se apresentado provavelmente achando que vc a conhecia tb né?
Nossa como seria bom se nós acadêmicos de Jornalismo da Unochapecó aqui de Santa Catarina tivessemos descobrido tal evento. Faço Jornalismo e pretendo ser um Defençor de tantas causas, inclusive a GLS. Você com toda a certeza deve ter absorvido ao máximo tudo o que ouviu, fiquei com uma certeza "invejnha" boa de ti viu,hehe. Parabéens pelo Blog,acompanho regularmente. Abração.
Meninos confesso que senti falta de vocês, mas o texto aí compensou. Comi com farinha e até aprendi/absorvi algumas coisas. De vez em quando recebo e-mails de seminários e encontros sobre tecnologia digital (não gratuitos), mas não tenho certeza de que se trata de algo assim como o que vocês participaram. Prestarei mais atenção.
Beijos.
Mas ele tá se achando eim? rs ... Parabéns querido ... inveja branca de vc ... mas isto é para poucos mesmo ...
bjão
Fiquei curioso para saber quem é essa mulher.
Nossa,se minha amiga ouvisse isso sobre Foucault,acho que sua úlcera sairia pela boca.hauhaua.
Beijos.
Virgeeeeeeee...
Faz "uma cara" que não participo algo assim... hehehehe!
E Ripley ruleia mesmo! Hugz, man!
inveja das mais pretas...
faço a blasé, nem queria mesmo...ansioso por ver os resultados aqui no blog...
xoxo
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