terça-feira, 7 de junho de 2011

"Não há nada de revolucionário em ser gay"



Gostei bastante deste artigo do Luiz Felipe Pondé, publicado na Folha de SP, então resolvi colocá-lo aqui no blog, para compartilhar com vocês. Concordo com boa parte do que ele escreve, muitas das ideias que ele defende vocês já leram nas postagens aqui do blog. 


"Leave the kids alone" (por Luiz Felipe Pondé)

De fato existem pessoas racistas. Homofóbicas, antissemitas (que hoje em dia se escondem atrás do antissionismo), que não gostam de pobres e de nordestinos. Pessoas assim barateiam o debate contemporâneo, assim como as que simplificam as trincheiras teóricas em que vivemos nos últimos anos, jogando tudo no mesmo saco do "reacionarismo". Como se o mundo permanecesse nos limites de um "centro acadêmico em guerra contra a repressão da ditadura".

Acho que muita gente tem saudades dos tempos da ditadura porque se sabia onde estava o mal. Será mesmo? Nem tanto. Muita gente ainda não sabe que a luta armada no Brasil foi feita por pessoas que queriam fazer do país uma ditadura de esquerda. Tivessem eles vencido, estaríamos hoje numa grande Cuba.

Mas como seria bom se o mundo fosse simples assim, preto no branco, amigos e inimigos, bons e maus. Não é. Na maior parte do tempo é cinza e confuso.

O debate ao redor do "politicamente (in)correto" incendeia a mídia. Pessoas querendo "mudar" Monteiro Lobato, querendo "curar" gays e "decretar" que não devemos corrigir o português dos pobres porque isso é ruim pra autoestima deles.

Tenho preconceito contra essa gente que vive pensando na "economia da autoestima", sorry...

Tomemos como exemplo o debate sobre a luta pelos "direitos gays".

O STF aprovou a união civil dos homossexuais. Vou mais longe: acho que deveriam ter o direito de se casar também e de ter filhos. E de ir às reuniões chatas de "pais e mestres". E de ficar pobres como os héteros por causa dos filhos. E de descobrir que pouco importa sua "visão de mundo", você estará sempre errado diante de um filho que cresceu.

Acho que quem "bate em gay" deve pagar não porque bateu num gay, mas porque gay é gente como todo mundo. Sou contra leis especiais que protejam gays. Complicado? Sinto muito.

Se um professor interrompe um menino e uma menina que se beijam na sala de aula é ok, mas, se fossem dois meninos, seria "homofobia"?

Hoje os jovens (e todo mundo) têm medo de dizer qualquer coisa que não seja "gay é lindo". Não há nada de revolucionário em ser gay, nem existe uma "comunidade gay". Gays são pessoas atoladas nas mesmas misérias e erros humanos. Neuróticos, como todo mundo, com sofrimentos específicos.

E aí chegamos a uma questão que me parece muito representativa dos equívocos do debate ao redor da "questão gay" (um belo exemplo do fascismo do politicamente correto): o pretenso direito de o Estado querer discutir "a heterossexualidade como normatividade sexual".

Intenções como essas representam a tendência totalitária do Estado moderno em querer se meter em assuntos que não são da sua competência.

O governo não tem que se meter a dizer a ninguém o que é "sexualidade normal". Isso é um crime contra a liberdade. E isso vai acabar "batendo" na sala de aula. E, como ninguém sabe direito o que está fazendo na sala de aula, essa nova "modinha" vai pegar.

Já disse em outras ocasiões que sou contra a tal da educação sexual quando pretende discutir "ideologias sexuais". Como pai, tenho todo o direito de suspeitar da sanidade mental de uma professora de educação sexual, porque em matéria de sexo todo mundo é mal resolvido.

Se as famílias são um lixo e por isso exigem das escolas o que elas não podem dar, as famílias das professoras também são um lixo.

Imaginemos uma aula de educação sexual na qual vá se "questionar a normatividade" (ou normalidade) da heterossexualidade. Como seria uma aula dessas?

Que tal assim? Meninos e meninas colocando com a boca uma camisinha num pênis de plástico para, quem sabe, perceberem que meninos também podem gostar de fazer sexo oral em meninos.

Ninguém tem o direito de fazer isso. Nem pai, nem mãe e muito menos professores que, provavelmente, ao se dedicarem a isso, "provam" suas pequenas taras.

O Estado deve dar o direito aos gays de viverem como os héteros e mais nada. Não deve se meter a dizer o que é normal. As pessoas têm o direito de sentir o mal estar "que quiserem". E deixem os filhos dos outros em paz.


Dizer o quê? Maridão e eu assinamos embaixo!

15 Comentários:

FOXX disse...

sério q vc assina embaixo disso? ele acha q um professor falando sobre homoerotismo vai ensinar a colocar uma camisinha pela boca?

vc concorda q uma criança gay não tem o direito de ser acolhida e sentir-se normal?

pq é isso q ele está dizendo...

Diego Hatake disse...

Posso ser bem sincero? Achei esse texto um lixo. Sem mais.

DPNN disse...

Foxx, essa é a sua leitura do texto, não necessariamente o que o texto em si diz (aliás, é exatamente o que o texto não diz). Me diga onde do texto ele diz que uma criança gay não deve ser tratada como normal, pois eu não consigo ler isso nele.

Diego: sem problemas, só não dá pra debater algo desta forma, né?

Anônimo disse...

Posso ser bem sincero? Interpretação textual é uma dádiva, né?

"O governo não tem que se meter a dizer a ninguém o que é "sexualidade normal"."

Concordo com o autor e o texto está muito bom.

Unknown disse...

De coerente no texto só a afirmação de que o "Estado deve dar o direito aos gays de viverem como os héteros e mais nada".
E a contradição do restante, só me leva a crer que tal afirmação foi usada apenas para criar a falsa idéia ao leitor de que ele, o autor, não se coloca contrário aos direitos dos gays.
Como chegar a uma conclusão de que gays têm algum direito se nem mesmo o professor se sentirá obrigado a corrigir o aluno/criança que humilha o colega na sala de aula por ser afeminado, se ele próprio concordar com a atidude do primeiro? Ah, é uma brincadeira de criança.
E quanto à revolução, quem é o louco que se sente o tal, um desbravador ou revolucionário somente por ser gay e luta pelo direito de o ser? É o contrário.
O gay não quer ser normal, ele quer permanecer diferente, mas sem pagar mais caro por isso.
{respondi a sua pergunta no comentário do IdG, ok?]

Unknown disse...

Eu entendi o texto como a Grande Utopia Final. Digo no sentido de que negros e mulheres, por exemplo, só têm direitos de serem "normais" sob força de lei (e olhe lá). Claro que é questão de educação. Mas acho que infelizmente demora-se muito pra aprender qualquer coisa, e isso o Ser Humano em sua totalidade, não apenas gays, héteros e etc. Por isso a lei (pode-se discutir a forma) é necessária.

Mas eu preferiria um mundo onde a Lei fosse efetivamente igual pra todos.

Anônimo disse...

Por que é tão dificil entender isto?

Acho que quem "bate em gay" deve pagar não porque bateu num gay, mas porque gay é gente como todo mundo. Sou contra leis especiais que protejam gays. Complicado? Sinto muito.

Também assino em baixo!

Dan disse...

Não levanto bandeira, pensamos bem parecido sobre "ser gay". Mas religião, cultura e preconceito andam de mãos dadas e por isso acho o movimento válido.
Repetindo uma frase que já usei aqui: ser gay me completa, mas nao me limita. Como qualquer outro, vivo mesmo afundado em neuroses e problemas, igualzinho hetero.
Mas isso tem que ficar claro pra muita gente ainda. Eles precisam primeiro entender que somos normais, pra nos tratarem como tal.
Não discordo do autor, mas radicalismo não faz bem a ninguém!

Fred disse...

Tira o olho de meu Black Label, tzá??? Hahahahaha!!!!!

Alexandre Willer Melo disse...

concordo mas parcialmente, acho que o Estado não deve mesmo dar pitaco na questão sexualidade pois, como disse o texto, não é papel dele.

mas, acho que hoje ele deve sim se 'meter' pois ainda não temos a vida normal que invejamos dos heteros. são questões de direito que devem sim ser discutidas pelo estado nesse momento mas longe de ditar qual o 'padrão' normativo mesmo porque está mais do que claro qual é.

não adianta disfarçar, nós não somos a maioria mas isso não diminui a necessidade de termos os mesmos direitos dos demais muito pelo contrário, precisamos lutar como qualquer minoria que se dê respeito.

quanto às escolas, desculpe mas eu acho que a sexualidade, no geral, deve sim ser discutida em sala de aula e os professores devem sim ser preparados para isso.

se isso quer dizer que as familias são uma bosta, que fazer? ao menos a escola estará ajudando a formar gente menos ignorante e, quem sabe, sexualmente menos problemática além de prevenir uma série de mazelas que a ignorância sexual, provocada pelo vácuo hoje feito por casa e escola, promove

Balto disse...

Concordo plenamente com a frase 'não ha nada de revolucionário em ser gay'. Realmente devemos procurar sermos respeitados pelo simples fato de respeitarmos os outros, sermos pessoas honestas e trabalhadoras e competentes naquilo que nos propomos a fazer. Independente daquilo que resolvemos fazer com nossa vida sexual.

Diego Hatake disse...

Desculpem a resposta breve XD mas é que não achei nem o que comentar desse texto de tão ruim. Gente que tenta vender a ideia de que tais leis "privilegiam" mulheres, negros - e agora gays - não merecem o mínimo de minha atenção. Perdão pela palavra, mas privilégio o caralho!
Eu sei bem que gay não me define, é apenas uma parte do todo, mas achar que todo mundo é igual e que todo mundo se ama é muita hipocrisia. E falar isso não é "reacender o preconceito", eu me aceito muito bem com minhas variadas características, mas os outros não me aceitam por essa em particular (e outras, já que sou negro e moro no Norte também) e se acham no direito de me ofender ou espancar e ainda sairem impunes ou como herois... quem é que tem o privilégio nessas horas?

Anônimo disse...

Não vou opinar não! Passei só pra deixar uma beja.

Fred disse...

FUNK todas elas... hahaha! Creepy!!!

Gui disse...

Tantas contradições e vacilos nesse texto que, apesar de bem escrito e com uma opinião interessante, peca por um motivo muito simples: uma minoria não é tratada como a maioria, simplesmente por ser minoria.

Quando as pessoas deixarem de me ver como gay e passarem a me ver como gente que nem gente, maybe faça algum sentido.

Agora hoje, que eu sou "impedido" moralmente de dar um selinho de despedida em namorado que um casal hétero JAMAIS seria chamado atenção, é, sim, em relação única e exclusivamente ao fato de eu ser gay. Não de eu ser gente.

Beijos

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