terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O travesti lixeiro

Quando a gente menos espera, se dá conta de que nem tudo neste mundo está perdido. Bem na periferia de SP, no município de Carapicuíba, há uma figura que já faz parte do folclore local, mas que merecia ser tema de um filme do Almodóvar, ou no mínimo, de um documentário, já que deve ser um caso único neste país.

Pois não é que bem na Caipirolândia (como meu amado chama a cidade...) existe um travesti lixeiro (tá, poderia ser politicamente correto e chamar de “coletor”, mas eu sou um conservador reacionário blá blá blá que odeia o politicamente-correto, vou usar o termo “lixeiro” mesmo).

Mas, voltando à figura em questão, é uma figura sensacional! Não sei seu nome, mas todos chamam de Xuxa. Apesar do meu medo de travestis (confesso que tenho medo de travesti – medo mesmo, não aversão. Isso me torna literalmente homofóbico? Pior do que este medo, só mesmo meu medo de anões – mas já me desviei do assunto outra vez, de volta ao travesti): ele é um negrão de 1,90 (alguém conhece travesti baixo?), trabalha totalmente “montado”, com direito a mini-saia, salto alto, longas madeixas e tudo mais... uma figura! E, ainda por cima, tem um senso de humor fantástico: apesar do trabalho ingrato, vai lá em cima do caminhão que faz a coleta, distribuindo sorrisos, cantando e mandando beijinhos para as pessoas da rua.

Todos na cidade já o (a) conhecem e quando ouvem o barulho do caminhão, correm pra rua e fazem festa, brincam junto, até aplaudem – crianças, adultos, idosos, todos! Na época do Natal, fez o maior sucesso e ganhou um monte de “caixinhas” dos moradores, aos quais respondia com gritinhos de agradecimento, dancinhas, rebolados e a maior farra. Só vendo mesmo!

Acabei de revê-lo (a) aqui na rua e fiquei feliz por um motivo especial: ela havia sido vítima de intolerantes, e dizem quase morreu – aliás, eu também achava que ele (a) tinha morrido.

Tiro o chapéu para ele (a)! e não é à toa que a população também o (a) recebe de forma tão calorosa. Quando a pessoa é honesta, do bem, por mais que a vida seja difícil, sempre vai estar do lado certo da força. Dignidade é isso, o resto é resto...

2 Comentários:

Wans disse...

Em algum desses canais, vi uma reportagem com ela. Mesmo sofrendo esse preconceito, admiro essa coragem e alegria de continuar sua vida.

Anônimo disse...

Escreve,que eu leio e respondo........

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