sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Um E.T. Gay



Às vezes me sinto quase um E.T. no mundo gay: não entendo nada das gírias, não sou admirador de nenhuma das grandes divas (prefiro música com vocal masculino), não tenho a menor identificação com o universo feminino. Joguei futebol por muitos anos, até disputei campeonatos pelas seleções de base – gosto de ver jogos na TV, quando posso, acompanho até campeonato de futsal do bairro. Gosto de música eletrônica, mas nem tanto do tradicional drag/tribal das baladas: gosto mais de EBM, uma variante pesada e mais dark da música eletrônica, além do bom e velho synthpop oitentista. Gosto de verdade do universo masculino, e até creio que passe desapercebido numa rodinha de homens heterossexuais – desde que o assunto, obviamente, não seja mulheres...

Com um gosto destes, teria motivo de sobra pra me esconder em casa e ficar lamentando, já que dificilmente haveria um local voltado ao público gay com estas características – mas me misturo bem, e me divirto de acordo com o ambiente em que estiver. Meu nível de tolerância é bem grande: danço até forró, se estiver tocando – é claro que tudo tem limite, não vamos exagerar: axé, esquerdistas e adolescentes rebeldes são as coisas mais insuportáveis da face da terra. Não há saco grande o suficiente para comportá-los.

Com certeza não devo ser o único nesta situação, meu amado é bem mais maleável, e graças a ele abri minha mente para muitas coisas, até fomos ao show da Madonna (de quem aprendi a gostar), até já tentou me ensinar alguns passos de forró, por enquanto sem muito sucesso (culpa do aluno, com certeza!). Felizmente somos parecidos em muitas coisas, em outras somos complementares. Essa história de que os opostos se atraem não é lá muito verdade – a não ser, é claro, que estejamos falando de cor da pele... aí concordo plenamente...

Gosto de uma banda de EBM da Dinamarca (pois é, gostar de música de lugares bizarros é comigo mesmo) chamada Leæther Strip. O vocalista Claus Larsen (esse da foto) tem a maior cara de skinhead do mal, mas é gay assumido, casado há mais de 15 anos com o mesmo parceiro - uma das suas faixas, chamada 13/6 – 1994, refere-se justamente a este fato. Seu público deve ser formado 99% por heterossexuais, mesmo com algumas músicas mais explícitas ("Homophobia - Gay Pride Version", por exemplo) e álbuns com nomes sugestivos como The Pleasure of Penetration. Uma variante do estilo, chamada Anhalt EBM, faz certo sucesso no meio alternativo alemão, e já chegou por aqui. Música eletrônica pesadíssima, com espírito punk, o público se veste com peças fetichistas de uniformes militares, quem vê de longe fica com medo achando que são nazistões... Lá na Alemanha as festas do gênero são quase que compostas 80% por público gay. Quem vê um evento, repleto de caras fortões, sem camisa, se pegando, fica com a impressão de que está numa The Week...tem até go-go boy. A diferença é que o som é melhor...(pelo menos pra mim...)Aqui há um exemplo:


Mas o que gostaria de dizer é que há espaço pra todos, e às vezes a gente vê o pessoal gritando por diversidade, mas querendo na verdade padronizar tudo. Acho que o público gay às vezes se fecha demais, certa noite estávamos num bar e estava passando um clipe do Pet Shop Boys, e ouvimos um cara da nossa idade reclamando que era pra tocar Britney Spears, pois aquilo não era música de gay!!!!!!!!!! Não estou dizendo que deva tocar coisas como Leæther Strip ou Rummelsnuff num barzinho ou na balada, mas alguma coisa está muito errada no mundo quando Pet Shop Boys não é gay o suficiente para um bar gay.

2 Comentários:

Wans disse...

01, seu texto tá ótimo e comecei a reparar o quanto vc e eu somos parecidos. Tava té pensando eme screver um post exatamente sobre essa diferença entre os gays. Como vc deve ter percebido, gosto de Cocteau Twsins, Dead Can Dance, Opera Multi Steel, X-Mal,VNV Nation, Apoptygma, Siouxsie, entre outros...E concordo com vc sobre esse lance de não ter algo para os gays que gostam de alternativo. Aqui em SP, temos a Lôca, mas já se foi sua época áurea onde ser pagava R$ 5,00 para entrar. Acabou virando hype e o lugar ficou insuportável!
Eu particularmente não gosto de EBM, embora aprecie uma ou outra música.
Se eu fôsse num bar e uma bicha gritasse algo assim, eu jogaria a bebida na cara dela. rs

Acho que vc iria adorar o bailção. Vc é de SP? Tenho a impressão de que vc talvez seja um urso, não sei por quê.

bjão!

DPNN disse...

Urso, eu??????????? Só se for após anos e anos de hibernação... Muito pelo contrário....

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