sexta-feira, 5 de março de 2010

No Escurinho do Cinema...


Nunca fui exatamente um cinéfilo, embora goste bastante de cinema. Houve um tempo, lá pelos idos da minha adolescência, em que eu só curtia cinema alternativo, cult, europeu, ou então aquelas produções do extremo norte iraniano sobre o “dilema do nada contemplativo enquanto expressão da existência humana”. Por conta disso, deixei de ver um monte de ótimos filmes comerciais por puro preconceito e arrogância adolescentes.

Felizmente o DVD me ajudou a corrigir esta falha de currículo (e de caráter). Hoje em dia, dificilmente tenho saco para produções alternativas, principalmente se for pra ver no cinema. É engraçado, mas me vejo muito mais indo ao cinema assistir a um bom pastelão hollywoodiano que recebeu uma bolinha da crítica do que àquele filme que o especialista do jornal deu mil estrelas. Tenho pavor de gente que não sabe ser fútil. Não dá pra ser elevado 24 horas por dia.

Essa história de críticas me faz lembrar o começo do nosso namoro. Sempre fui de ir ao cinema sozinho, mas daquela vez eu tinha um namorado, e o cara ainda por cima tinha uma ótima bagagem intelectual, era alguém com quem eu podia discutir de mitologia grega à lingüística, ou das Exatas às Biológicas na mesma digressão!

Estava bem na época do Oscar, então fui querer impressionar o cara e o convidei para ver o (na época) novo e incensado filme do Martin Scorsese: Gangues de Nova York.

Devo dizer que, ao longo das infinitas 3 horas de duração, quase me escondi debaixo da poltrona de tanta vergonha, afinal, o filme é uma grande e imensa merda! E o pior é que EU havia convidado! Até hoje considero o pior filme que já vi no cinema.

Felizmente depois vimos muita coisa boa juntos, como boa parte da filmografia do Almodóvar, do Tim Burton (meus diretores preferidos) – além de muita porcaria como “Os Infiltrados” (novamente do Scorsese), “Elefante” (do Gus Van Sant, sério candidato a pior de todos os tempos ao lado do Gangues – outra vez o convite foi meu...), Fim dos Tempos (do M. Night Shyamalan, mesmo diretor do excepcional “Sexto Sentido”), "O Senhor do Anéis" (o maior desperdício de rolo de filme da história)...

Este ano me surpreendi ao descobrir que a cerimônia do Oscar já vai acontecer. Em 2009 nós quase não fomos ao cinema, não vi quase nada, nem dá pra palpitar (nem Avatar nós vimos). Mas algo me diz que não perdi muita coisa.

Já que o Oscar está pra acontecer, aproveito a deixa para fazer o Top 20, com os meus filmes preferidos de todos os tempos. Nem os melhores, nem os maiores... somente os mais significativos (pra mim, é claro...):


1. Não Amarás (Krzysztof Kieslowsk – vi na minha fase ultra-mega-hiper-gótica da adolescência, gostei muito e nunca mais quis rever pra não estragar.)
2. Plata Quemada (Marcelo Piñeyro – o filme gay mais macho de todos os tempos.)
3. Cidade dos Sonhos (David Lynch – a cena do Clube Silencio é sensacional, mas o filme inteiro é ótimo)
4. O Labirinto do Fauno (Guillermo Del Toro – sai do cinema com um sorriso no rosto e a certeza de ter assistido a uma obra-prima.)
5. Donnie Darko (Richard Kelly – ótimo roteiro, ótima trilha sonora, surreal na medida certa.)
6. Delicada Relação (Eytan Fox – tudo aquilo que Brokeback Mountain queria ser, só que ainda melhor.)
7. O Talentoso Ripley (Anthony Minghella – passei uma semana inteira traumatizado após ver o filme, mas adorei.)
8. Felicidade (Todd Solondz – cruel, divertido, inteligente, tudo ao mesmo tempo)
9. Italiano para Principiantes (Lone Scherfig – uma grata surpresa: o filme mais feliz do Movimento Dogma.)
10. Dançando no Escuro (Lars von Trier – um Dogma musical pra chorar até a última lágrima do estoque.)
11. Contra a Parede (Faith Akin – um filme surpreendente, sincero e agridoce.)
12. A B C do Amor (Mark Levin – este filme é tudo aquilo que o Woody Allen quis fazer a vida inteira. Não me canso de ver, me divirto e me emociono todas as vezes.)
13. Edward Mãos de Tesoura (Tim Burton – o cara é gênio, poderia citar meia dúzia de seus filmes.)
14. Fale com Ela (Pedro Almodóvar – outro ídolo, quase sempre ótimo, mas este eu considero seu melhor filme.)
15. O Pássaro Azul (Walter Lang – lembranças de Sessões da Tarde na infância, a cena com os avós é das mais tocantes da história do cinema.)
16. Beleza Americana (Sam Mendes – devo ter visto umas 10 vezes, e se passar outra vez, com certeza vejo de novo...)
17. A Outra História Americana (Tony Kaye – um filme forte, de “macho”, um soco no estômago, ou seria um chute no saco.)
18. Amor à Flor da Pele (Wong Kar-Wai – dizer o quê? Lindo!)
19. O Clube da Luta (David Fincher – outro filme “de macho”, com um dos melhores roteiros dos últimos tempos.)
20. Procurando Nemo (Andrew Stanton e Lee Unkrich – quem não acha esta animação a coisa mais fofa de todos os tempos?)

Ps. Deixei de fora os filmes de terror, mas deixo aqui o registro de que simplesmente amo aqueles filmes de terror asiáticos, cheios de fantasmas de garotas com o cabelo cobrindo o rosto.

1 Comentário:

Wans disse...

Uau, cara nova. Atóron!

Eu gosto muito de cinema. E ía muito mesmo. Porém, depois da internet, paramos consideralmente de frequentar. O último foi Harry Potter que faço questão de ver na tela grande.
Adorei sua lista de filmes. Tem muita coisa que amo aí.

Amor a flor da pele
felicidade
Clube da Luta
Plata Quemada
Donnie Darko...

Eu tenho problemas com listas. Fico com medo de esquecer algum outro filme.

Sério que vc não gosta de O Senhor dos Anéis? Sou desses nerds que passaram horas na fila pra comprar ingressos, viu de novo com a versão extendida, reveu em dvd e ainda para quando tá passando na tv.

bj

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