terça-feira, 27 de abril de 2010

Homofobia na USP, genocídio gay em Uganda... e você com isso?


Como todo indivíduo que não passou os últimos dias em Marte, acompanhamos as discussões provocadas pelo caso de homofobia na USP. Para você que acabou de chegar do planeta vermelho, o episódio veio à tona no último final de semana: um jornal virtual dos alunos do curso de Ciências Farmacêuticas incitaria os demais alunos a “jogar merda nos viados” (sic) em troca de convites para uma festa promovida na faculdade. Obviamente, era pra ser uma piada, mas, como diria Morrissey, a piada não teve graça alguma, e muitos alunos se sentiram ofendidos.
Ao contrário do que as reportagens que vi na TV dão a entender, a USP é sim, um espaço muito, mas muito tolerante em relação aos gays. Sou testemunha viva do que digo. Há 10 anos a Universidade de SP faz parte da minha vida cotidiana. Foi nela que entrei, segui a carreira acadêmica e nunca mais saí, graças a ela pude conhecer outros países, é ela que garante meu sustento – mas, principalmente, foi lá que conheci a pessoa mais importante para mim neste e em todos os mundos.

A presença de homossexuais na USP é enorme, em TODAS as faculdades. É claro que em algumas o número é maior, como no caso das Humanas, mas há gays na escola Politécnica, na FEA, na Matemática...

Nunca tivemos problemas por lá, sempre andamos de mãos dadas ou abraçados, nos beijamos várias vezes em público. A única intolerância que afeta o bom andamento da universidade é a de grupelhos políticos/sindicais que pararam em 1968, mas a questão é meramente político-partidária, e não sexual...

Vendo pela TV, parece até que a USP é o Irã ou Uganda. Por falar em Uganda, parece, infelizmente, que o projeto de lei que criminaliza a homossexualidade vai ser aprovado. Há interesse político, há aprovação da população. A votação ocorre no final de maio, e fico muito triste de pensar que muita gente vai sofrer horrores com a lei. O que me deixa mais triste, no entanto, é saber que teremos uma grande festa poucos dias depois, a Parada Gay de SP. Festejar o quê? Você faria uma festa enquanto seus vizinhos estão num velório pelos mesmos motivos?

E você com isso?
Lanço aqui um desafio: se o objetivo da Parada é mostrar que somos cidadãos como todos os outros, que tal se a organização transformasse o evento num grande protesto em solidariedade aos gays de Uganda? Seria um belíssimo exemplo de civilidade, a repercussão mundial seria ainda maior (mostraria não só quantidade de pessoas, mas qualidade!). Em vez de um carnaval fora de época, com trio elétrico e fantasia, que tal uma grande marcha, com todos usando roupa preta, como sinal de luto e protesto pela situação de nossos amigos africanos? Será que você estaria disposto a abrir mão da festa por uma causa tão maior? Fica aí a idéia...

4 Comentários:

... disse...

Gostei da proposta! Vamos ver se a galera adere. Valeu pelo visita e pelo comment, dear! Hugz!

Wans disse...

É fato que a maioria dos gays só pensam em sexo e baladas. Seria algo lindo ver que também somos engajados. Eu adoraria participar de algo assim, em 1º, porque a parada já deixou de servir para o propósito principal, em 2º porque precisamos é nos juntar para acabar com esse tipo de coisa.

Alexandre Willer Melo disse...

faz tempo que a parada serve apenas como festa e pouco como força de protesto.
ainda que seja um evento que dá visibilidade, não foca nos direitos mas no conceito guei=festa/alegria/irreverência que é como a grande maioria dos outros nos vêem.
acho muito pouco provável que isso mude mesmo porque os gueis de hoje estão mais preocupados em chocar do que lutar como se esse fosse o único meio de conseguir o que se quer.
imagino que o caso da usp tenha sido uma piada que saiu pela culatra, eu mais do que ninguém sou contra o excesso de politicamente correto mas nesse caso que vai rir por último não vai rir melhor pois o contexto da piada foi distorcido.
como diria o ditado, venenos e antídotos diferema apenas na dosagem.
misturar é uma arte.
já uganda, triste pois ao invés de políticas realmente práticas que promovam a cotenção da pandemia de aids e melhorias sociais o governo prega a cruz os gueis como forma de purgar o karma social que se arrasta há anos...
velha estória, no fim, quem vai preso é o dono do puteiro...

Tainá Rei disse...

Verdade... nas paradas, quem tenta fazer algum protesto é categoricamente rechaçado! Os patrocinadores querem ver a tal da Festa. É pra voltar nossos olhares para essa segregação que elas deveriam servir...
Valeu pelo post! Acabei de voltar do planeta vermelho!

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