Dois Perdidos, vagando pela Noite.

Neste final de semana nós levamos ao pé da letra o nome do blog: na noite de ontem, rodamos, literalmente, como duas baratas tontas, perdidos na noite de SP. Mas, como diria o esquartejador, vamos por partes...

Nossas aventuras e desventuras nesta noite de sábado começaram logo ao anoitecer. Seguindo nosso roteiro habitual, fomos jantar em um restaurante e depois fomos fazer outro “esquenta” de algumas horas, cujo conteúdo será censurado aqui, já que menores podem estar lendo o blog.

Teor etílico até então: uma garrafa de cerveja durante o jantar e uma outra de bom vinho francês (gente chique é outra coisa) durante o “esquenta”.

Energias repostas, "calorias queimadas", fomos dar uma volta pelo Arouche, que estava meio vazio. Decidimos, então, aceitar o convite de umas amigas lésbicas para ir beber com uma turma num bar da Rua Augusta. Nosso lema: vamos lá, conhecer e depois a gente coloca no blog! E lá fomos nós, como naquela canção dos alemães do Alphaville: "hoping for the best but expecting the worst".

Ao chegar, uma parada prévia em outro boteco para tomar umas cervejas antes de encarar o tal bar. Ficamos na calçada, bebendo e vendo a fauna local. Um povinho milimetricamente bagunçado, se é que vocês nos entendem. Daquele tipo que passa horas diante do espelho tentando parecer mais desencanado com o visual. E muita gente que não precisava se esforçar muito, eram estranhos mesmo. Preto deve ser o dress code da rua. Éramos os únicos usando outras cores.

Após um tempo, fomos ao tal bar combinado. Fomos com a expectativa de encontrar um típico bar de lésbicas, com direito a MPB e alguma garota cantando mais MPB ao violão. Mas nada disso! Parecia um funeral. O bar era escuro, com uma decoração que provavelmente era uma tentativa de parecer moderno (com o perdão da palavra), mas que resultava em algo que, se fosse em qualquer outro lugar, seria apenas kitsch mesmo. Só para não dizer que estamos exagerando, a luminária era um ralador, daqueles de metal que você deve ter na cozinha.

Ficamos ali, observando o local, pensando no que mudaríamos para trazer-lhe um pouco de vida. Era evidente nosso total deslocamento, aquela atmosfera de desânimo e afetação tomava conta de nós. Acho que ficamos por lá, no máximo, uns 20 minutos e saímos sem beber nada, até porque ninguém veio nos atender. Olhamos um na cara do outro e já estava combinado: fugir de lá e voltar ao Centrão. Foi o que fizemos. No caminho, enquanto subíamos a Augusta rumo ao estacionamento, ainda fomos abordados por um carinha nos chamando para um daqueles puteiros, para “tomar uma cerveja com umas garotas e ver shows de striptease com mulheres gostosas”. Saímos de lá o mais rápido possível!

Voltamos ao bom e velho Arouche, que, àquela hora (quase meia noite) estava lotado. Não conseguimos entrar no Habeas, que estava transbordando de gente, bebemos outra cerveja num boteco ao lado – cujo atendente deve ser rico e não precisar de clientes, tamanha a má vontade com que atendia ao pessoal. Como não viemos ao mundo para agradar a ingratos, fomos para a rua e ficamos bebendo na calçada, tomamos mais duas amarulas para fechar a noite, enquanto comentávamos nossas desventuras e falávamos dos passantes em bom alemão de bêbados – um de nossos esportes preferidos é, diante de uma situação qualquer, um virar para o outro e comentar as coisas em alemão, assim podemos falar mal até mesmo da pessoa ao lado sem levarmos uma surra. Nossa estratégia só falhou no dia do show da Madonna, mas isso é assunto para outro dia...

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Apesar das desventuras, foi uma ótima noite e valeu a experiência. Já passamos dois sábados deste ano em funerais de verdade, não vamos desperdiçar nossa noite em um velório de pessoas vivas...