domingo, 24 de abril de 2011

Barulho Gay: Do Armário às Paradas de Sucesso!


Nas minhas pesquisas sobre canção popular (meu campo de pesquisa), vez ou outra acabo tomando contato com algo relacionado à presença gay na história da música. Numa dessas ocasiões encontrei uma crítica sobre uma coletânea chamada "Queer Noises 1961-1978: From the Closet to the Charts". Fui atrás, consegui o álbum. Ele é justamente aquilo a que se propõe, mostrar como o homossexual se fez presente ao longo da história da música popular, mesmo em épocas bem menos tolerantes. 

Cito um trecho da crítica do CD, feita por Mike Atkinson, numa tradução rápida, pois foi ela que me apresentou o álbum:

A única característica que une "Queer Noises 1961-1978:  From the Closet to the Charts" - uma coletânea de faixas raras e obscuras - é que todas as canções, de um modo ou de outro, tratam de aspectos da vivência gay americana e/ou britânica. De modo notável, o compilador Jon Savage conseguiu reunir um material que é quase exclusivamente escrito e interpretado por homens gays, dirigido igualmente a um público de outros homens gays. 
Como as faixas são dispostas em ordem cronológica, o que surge é uma espécie de história oral do nascente movimento gay, desde os seus primórdios no underground até o seu estabelecimento na consciência popular. Conseqüentemente, os temas que predominam são muito diferentes das formas pelas quais as questões gays vem sendo tratadas na grande mídia hétero. Felizmente há poucas "vítimas" aqui. Ninguém é chantageado, preso num casamento sem amor, arrasado por auto-comiseração, ou mesmo agredido pelos "homofóbicos do mal que nos oprimem a cada esquina". E o melhor de tudo: ao contrário do que normalmente ocorre em Hollywood, ninguém morre. 
Em vez disso, somos apresentados a uma série de depoimentos verdadeiros de uma existência gay mais cotidiana, como ela realmente foi vivida. São canções sobre saudade, desejo, ternura, dor, fantasia, esperança e celebração. Neste percurso, muitas são intencionalmente cômicas, outras são involuntariamente hilariantes. 
Como documento social, a coleção é um grande sucesso, e uma valiosa fonte de material para qualquer teórico queer. 

Sempre é bom olhar para trás, só assim temos uma real dimensão dos avanços e conquistas que já temos. (ontem mesmo eu conversava com o maridão sobre as novas gerações que nasceram após o plano real e não viveram os anos de inflação pelos quais nós tiozinhos passamos, ou que já nasceram com a popularização do telefone celular e da internet e hoje em dia fazem protestos contra a privatização no Facebook... se olhassem para trás e vissem que a gente esperava uma década por uma linha telefônica que custava o valor de um carro...)

Bem, mas voltando ao CD. Vale a pena ouvir, mesmo que você só tenha ouvidos para o tribal house da balada com seus dois meses de vida útil. Veja lá atrás como tudo começou, como alguns visionários do jaz, do rock, do punk e da disco music abriram caminho na pedra para que a gente hoje possa ouvir canções abertamente pró-gay em nossas rádios. Musicalmente talvez o álbum não seja lá grande coisa, ou mesmo algo fácil de ouvir, mas vale, principalmente pelas letras. 

O setlist do álbum é este:

01. Jose - At The Black Cat (1960)
02. Rod McKuen - Eros (1961)
03. Mr. Jean Fredericks - Nobody Loves A Fairy When She's 40 (início dos ano 60)
04. Byrd E.Bath & Rodney Dangerfield - Florence of Arabia (início dos ano 60)
05. B. Bubba - I'd Rather Fight Than Swish (início dos ano 60)
06. The Kinks - See My Friend (1965)
07. The Tornados - Do You Come Here Often (1966)
08. The Brothers Butch - Kay Why? (final dos anos 60)
09. Teddy & Darrel - These Boots (1967)
10. Zebedy - The Man I Love (final dos anos 60)
11. Curt Boettcher - Astral Cowboy (1969)
12. Harrison Kennedy - Closet Queen (1972)
13. Polly Perkins - Coochy Coo (1973)
14. Michael Cohen - Bitterfeast (1973)
15. Jobriath - I'm A Man (1973)
16. Chris Robison - Lookin' For A Boy (1973)
17. Peter Grudzien - White Trash Hillbilly Trick (1974)
18. Valentino - I Was Born This Way (1975)
19. The Miracles - Ain't Nobody Straight In L.A.(1975)
20. The Ramones - 53rd And 3rd (1976)
21. The Twinkeyz - Aliens In Our Midst (1977)
22. Dead Fingers Talk - Nobody Loves You When You're Old And Gay (1978)
23. Black Randy & The Metro Squad - Trouble At The Cup (1978)
24. Sylvester - You Make Me Feel (1978)

Ficou curioso? baixe aqui.

8 Comentários:

Anônimo disse...

Nossa, eu amei o banner com dois viadinhos ahuahuahuahuah

Sobre o CD, gostei quando diz que não havia vitimização e " E o melhor de tudo: ao contrário do que normalmente ocorre em Hollywood, ninguém morre. "
Bom saber que sempre fizemos história

Unknown disse...

Que pesquisa interessante e melhor ainda é disponibilizar pra gente. Vlw.
Bjs e ótima semana (eu volto depois pra baixar).

Anônimo disse...

Tb acho bacana olhar pra trás e ver os avanços.
Outro dia,volto pra baixar.Hoje,to cansadao.
beijos.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Adorável este seu post ... um dos melhores da série ih fud! Baixando ...

ps: A logomarca do Blog ficou o must! Genial ...

bjão aos dois V***inhos! kkkkkkkkkk

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Gente, acho q endoidei ... confundi na hora de comentar ... rs ... ih fud com DPNN ... kkkkk

Alexandre Willer Melo disse...

rasgand minha xana aqui de ponta a ponta!!!

adorei o novo logo!

..::voy::.. disse...

outro dia li uma matéria exatamente sobre isso em algum lugar na internet - sou péssimo pra referências - e lá mostraram o quanto a cultura gay tem influencia na cultura pop musical de maneira geral...

abraços do voy

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