quarta-feira, 25 de maio de 2011

Kit Gay: Já Foi Tarde!

Eu não gosto de dizer: “eu avisei”, mas às vezes é inevitável, pois gente que gosta de ser usada como massa de manobra costuma ter memória fraca. Então lá vai: eu avisei! Na época da eleição presidencial, a então candidata Dilma, para se livrar da fama de “abortista” e se mostrar boa cristã, se comprometeu com as igrejas evangélicas a vetar qualquer medida que envolvesse questões sobre a homossexualidade. Não sou eu quem está dizendo, foi ela mesma. É só procurar. A aprovação do reconhecimento da união estável pelo STF, por exemplo, só não foi vetado porque ela não pode ir contra uma decisão da justiça.

Pois não é que vejo lá no site G1 a seguinte notícia:

"A decisão (de suspender a distribuição do “kit anti-homofobia” nas escolas) foi tomada por Dilma depois de uma reunião com as bancadas evangélica, católica e da família. Em reunião, os parlamentares haviam decidido colaborar com a convocação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para que ele explique sua evolução patrimonial.
Segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, a presidente achou o material “inapriopriado”. Dilma determinou ainda que todo material que versar sobre “costumes” terá de passar pelo crivo da coordenação-geral da Presidência e por um amplo debate com a sociedade civil."
Para quem sabe ler: a bancada evangélica foi lá e exigiu o cumprimento do acordo, do contrário iria votar a favor de investigar o enriquecimento fantástico do ministro Palocci. E a presidente (me recuso a usar "presidenta", pois teria de usar "estudanta", já que o princípio é o mesmo) foi lá e cumpriu com sua palavra.
E o que eu tenho com isso? Há males que vêm para o bem. Por mais que os motivos da suspensão tenham sido escusos, concordo com a medida: o tal kit gay é uma grandiosa bobagem. E digo isso com conhecimento de causa, como gay e como professor.
Quem já entrou em uma sala de aula no mundo real sabe que,  se o objetivo do tal kit é lutar contra o bullying, o efeito seria exatamente o contrário, pois o vídeo viraria piada na hora, e os alunos gays iriam ser ainda mais zoados. E coitado do aluno que tivesse o nome de algum dos personagens!  O kit é uma daquelas aberrações típicas da militância que trata a homossexualidade como uma questão política, para marcar território. O gay da vida real não os interessa.

Sempre digo e repito: escola não é lugar de EDUCAÇÃO, mas sim de ENSINO! Professor é (mal) pago para ENSINAR, não para EDUCAR! Essa história de que a escola tem de formar "cidadão" é conversa pra boi dormir, mera doutrinação. O professor de inglês deve ensinar o aluno a falar inglês ou ficar discorrendo sobre o imperialismo americano? Professor de português deve promover a luta de classes gramaticais? Pense numa escola particular: nenhum pai aceita que a escola faça o papel da família! Na escola pública tudo "pode" – o que mostra o preconceito que essa gente "do bem" tem em relação aos mais pobres, já que acham que eles precisam ser “protegidos”.

Criou-se todo um circo em cima de uma questão que não muda em nada a vida do público gay! Será que ninguém aprendeu que as coisas não precisam de escândalo para existir? Muito pelo contrário, não é no grito que se confronta ideias. Pensemos novamente no caso do reconhecimento da união estável no STF. Ela foi aprovada e muita gente nem ficou sabendo! Tudo foi feito com elegância, sem embates desnecessários, sem querer “combater a heteronormalidade” , mas sim pela busca de igualdade. Só para variar, não foi algo que partiu de nenhum "movimento" gay, diga-se...

Precisamos de kit gay em escola? Não. Precisamos de alunos que saiam da escola sabendo tudo sobre matemática, ciências, usando com competência a própria língua, capazes de entender a História, discutir filosofia, falar outras línguas... estas bobagens pequeno-burguesas. Um professor que fizer seu aluno aprender sua respectiva disciplina já terá feito a sua parte – o que é muito! E deixe a família fazer a parte dela, que é educar e decidir quais são os valores que essa criança deve seguir - mesmo que não sejam os nossos. O resto é só aparelhamento ideológico, que como vimos lá no começo do post, só contribui para a ignorância.

Ps. Ministro Fernando Haddad, pede pra sair!
Ps. 2: Qual é a diferença entre a Dilma e o Bolsonaro? É que ela faz aquilo que ele fala...

19 Comentários:

Alexandre Willer Melo disse...

olha, acho melho começarmos a combinar ou escrever juntos assim evitamos, guardadas as proporções, claro, repetições.

vai lá em casa ver...concordo com vc 100%!!!

Frederico disse...

realmente o kit gay não fará falta, o problema são as coisas importantes para o movimento que ela poderá vetar.

FOXX disse...

exato, achei um absurdo pq os professores e pedagogos não foram consultados, os especialistas na área não foram ouvidos.

Anônimo disse...

Eu concordo com vcs (como sempre hehehe)
O problema desse kit é que era para falar sobre o bulling homofóbico, a violência sofrida pelos gays e o video fala muito mais sobre a descoberta da homossexualidade. Achei também de um mau gosto incrivel.
Gerou ainda mais preconceito e falatório desnecessário.

Dan disse...

eu cheguei a ver alguns videos. realmente o material não era bacana.
tenho medo do que ela vetará daqui pra frente.
:/

Unknown disse...

O Kit Gay ia trazer umas montagys dignas? Acho que não! Então eu despróvon!

Concordo plenamente com tudo que vcs disseram. Pra que Kit Gay? Pra incentivar mais ainda o bullying? Eu fui criada no interior e me lembro de quando era pequena (o), tinha 3 bichonas velhas que andavam juntas e que todo mundo conhecia. O nome de um deles é Nelson, e quando o circo chegava aqui na cidade pra ficar longas temporadas, os filhos dos artistas eram matriculados na escola pra não ficarem sem estudar. Ok até aí normal, porém uma vez, um menino que chamava Nelson entrou na minha classe, no meio do ano e, coitado, foi motivo de piada até o dia do circo partir. Um beijo meus amoures! Obrigada pelo carinho!

Unknown disse...

Há muito tempo eu estava observando de longe essa coisa de "kit gay" sem publicar nada no blog. Toda vez que pensava em comentar algo a respeito, a sensação de fomentar um projeto oportunista passava pela cabeça, então desistia.
Como vc disse, os motivos para o veto da presidente Dilma foram escusos - assim como muitas ações de muitos políticos do PT -, mas, no frigir dos ovos, o resultado foi bom.

Fred disse...

Só nome já era uma b*sta... hehehehe! Concordo! Hugz!

Serginho Tavares disse...

O que é triste nisto tudo é que temos um pais agora governados por religiosos!

Enfim, você avisou e assim como você muitos outros avisaram, mas insistiram no erro.

Lobo disse...

Discordo completamente dessa história de que a escola não é lugar para formar cidadãos. Não é para ser esse bunda-lelê dos pais jogarem toda a responsabilidade para as escolas, mas ela tem sim o seu papel. Qual o valor de uma escola que só ensina e não educa? E como essas pessoas vão entender como aplicar esse conhecimento, qual o sentido daquele conhecimento, porque que existem teorias que hoje são caídas, e qual era o pensamento que vigorava em determinada época para que ele fosse legitimado? O social é necessário para dar sentido ao ensino, senão o máximo que você vai escutar é um "estudar não serve pra nada, nunca vou usar isso ai na minha vida." Não é a toa que o conhecimento que é aplicado na escola é único e diferenciado do conhecimento acadêmico.

Diego Hatake disse...

O "eu avisei" sobre a Dilma ceder aos palhaços eu entendo, mas sobre a questão do kit e de educação principalmente, eu discordo.
Se queremos que homossexuais sejam aceitos, não vejo porque a escola não vai participar nisso sendo que ela é constituídas de pessoas que refletem a sociedade. E eu duvido, DU-VI-DO que tal educação seja feita em casa. Há sim coisas que os pais devem educar sim, mas a escola também tem responsabilidade nisso, senão pode abolir a questão de respeito e disciplina, por exemplo, e fazer logo das escolas meros cursinhos. E se o papel dos professores é só dar aulinhas de 1+1=2, bem, nem isso tá dando certo porque a educação nas escolas tá indo de mal a pior... E não vi nada de escândalo nesse kit, me perdoe. Não sei se foi a hora certa, mas que ele é necessário, é.

DPNN disse...

Lobo, você ainda é jovem e está "contaminado" por uma coisa típica da juventude: o idealismo. O bom é que tem cura, passa com o tempo... Dou aula desde 1996, e posso dizer de carteirinha, todo professor acha que vai mudar o mundo, depois ele se dá conta de que sua profissão é apenas mais uma, como qualquer outra.

Diego: por que as pessoas aprendem no cursinho e não aprendem na escola? Não seria justamente porque no cursinho os professores se limitam a ensinar?

Anônimo disse...

Bom, eu acho que o DPNN marcou dois pontos, 1)tem o conhecimento da causa, pq dá aulas e 2)uma coisa q não tinha percebido, mas é verdade, os alunos q tiverem os mesmos nomes dos personagens, serão motivos de piadinhas. Agora, eu não posso afirmar que seria "ruim" o kit, pois primeiro ele teria q ter sido usado pra gente saber se valia a pena ou não. Eu tenho um professor que aparenta ser de ultra esquerda e sempre lembro de vc, pois vc parece ser de ultra direita (não acho "certo" nem um dos dois.

DPNN disse...

Anônimo:

Não somos de extrema direita não...rs... aliás, nem existe direita no Brasil, quanto mais extrema direita (em geral, "direita" é só um palavrão usado pela esquerda para se referir a quem não concorda com eles, o que acaba servindo para grupos que não têm nada em comum).

Em termos de "rótulos", pode-se dizer no máximo que somos liberais, pois defendemos as liberdades individuais e somos favoráveis a um estado que interfira o mínimo possível na vida do indivíduo.

Um abração e obrigado pelo comentário!

Anônimo disse...

Pelos visto somos dois lados de uma mesma situação: sou professor e gay, mas apoio o kit-homofobia sim.

Confesso que não tenho muito a dizer pelo fato de não ter visto os vídeos e nem sei se vazaram pela internet. Por tanto, pessoalmente, não sei que comentários tecer sobre um material ainda não discutido e analisado por mim.
Caso a abordagem seja inapropriada (como disse a Presidenta, gramaticalmente aceita na normal culta da língua portuguesa) e mal feita (o que se pode discutir, afinal, foi aprovada pela UNESCO e uma comissão de psicólogos), então creio que o cancelamento foi o correto. Agora dizer que o Kit é pura manobra ideológica, não creio. Até mesmo por que foi um tema escrachado pela mídia mais para se atacar o governo do que por outras questões, mesmo que vc não concorde.
Todo tipo de Bulling deve ser extinto (o que é impossível), e essas discussão passam pelas escolas sim. Onde dou aula um rapaz de 15 anos, homossexual, se matou. Foi um caso esporádico, mas falando em rendimentos, provavelmente começou a faltar, as notas decaíram, etc.
É muito além de piada. Creio que o único momento da minha vida escolar do qual não sofri nenhum tipo de violência, foi já na universidade.
Confesso que quando me lembro dos meus tempos colegiais, não guardo muitas lembranças boas.
Dizer que será entre os muros das escolas que o preconceito desaparecerá , concordo, é ingenuidade.Mas é nas escolas sim que se discute cidadania, e é lá que se deve tratar de assuntos que atormentam nossa sociedade,seja eleições, política, corrupção, preconceitos social , racial e sexual.
Quando dou uma aula de História sobre Árabes na Península Ibérica, não deixo de formular discussões sobre cultura muçulmana hoje para o ocidente. Quando dou Brasil descobrimento, não deixo de traçar paralelos com o Brasil hoje, seja social, cultural ou geograficamente. Quando explico sobre Inquisição, jamais deixarei de falar sobre anti-semitismo hoje.Posso até me desgastar mais, até pelo fato de saber que os meus outros colegas nem tentam mudar suas formulas de ensino( nem os culpo, afinal, a desmotivação é um mal que ataca a todos os docentes desvalorizados e estou com a plena energia de quem, ainda está na faculdade).Não é só querer deixar a turma atiçada para uma discussão ou simplesmente deixar de dar aulas factuais, cheias de datas etc.É por que simplesmente dou um aula para formar pessoas conscientes, pensativas e principalmente questionadoras.Um adolescente quando sai da escola não deve saber só que 1+1 é dois, 1939 começou a segunda grande Guerra,que não se deve escrever pronomes oblíquos em começo de frase,etc.Não, a escola é além disso.É no que eu acredito.

Anônimo disse...

(...)
Acho que o Kit-homofobia peca pelo fato de querer centrar-se somente em um bulling, o homofóbico, mas combinada com outras iniciativas, é sim uma boa idéia. Há muitos ainda para ser discutido, o problema é que vivemos no país das dicotomias (gay vs Bolsonaro(kit gay, bancada Evg)), Governo Vs Imprensa que tenta qualquer coisa para a golpear, Governo Vs Governo(por que é inegável as defecagens realizadas pelo Estado(para não dizer cagadas)).

Enfim, essas linhas são muito poucas e o debate é grande. Mas a discussão fica mais enriquecedora com o dois lados de uma mesma situação. A minha opinião em relação ao projeto pode mudar: claro, se alguém tem o vídeo, por favor, post, pois não tive acesso. Mais dizer que um colega será motivo de piadas por causa do nome dos personagens audiovisuais... Putz, eu tenho um aluno que tem como apelido o nome de algum personagem afeminado de uma dessas novelas da Globo(e tenho certeza que a emissora não vai "matar" o personagem por isso).Acredito que esse material deve ser melhor analisado, julgado e se o nosso país de dicotomias não continuar ainda imaturo, que fosse mais discutido,sem infantilidades políticas e/ou religiosas.No mais, as escolas não devem e nem criam alunos, no caso do Kit, adolescentes mais responsáveis.Mas tem contribuição na formação cidadã, e isso não é só um clichê pedagógico. No dia em que ela deixar de ser palco de debates, aí eu deixai de ser professor.

Vlew

Anônimo disse...

Concordo perfeitamente com vc pois acho q esse kit é uma palhaçada sou professor também e gay e acho q esse kit s;o viria a piorar as coisas.

Scarlett disse...

Como eu amo ler esse blog e ver que tem pessoas que pensam bem além da propaganda política feita somente para mascarar um problema social (neste caso o Bullying/Homofobia).

Não digo isso somente da sua opinião, pois já era de se esperar devido aos textos que eu tenho lido aqui, mas do pessoal que comenta. Ainda mais porque isso já está a algum tempo sendo executado, mas a mídia só focou de um tempo pra cá. De qualquer forma...
O jornal da Gazeta mostrou uma matéria com crianças do ensino médio assistindo aos vídeos e as reações, não sei dizer se foram combinadas, mas não fora muito receptivas. A questão de serem ou não combinadas eu não sei, mas que isso pode mudar o pensamento de alguém que nem tinha a opinião tão formada a respeito ou até mesmo incitar ainda mais o preconceito e a violência...um dos vídeos mostra claramente como as pessoas são bem “tolerantes” no colégio.
Como você bem disse, esse não é o papel do professor. A educação deve ser ministrada pelos pais. Não cabe ao Estado interferir, quanto mais obrigar que esse material seja distribuído a Crianças de 8 a 12 anos... poucos alunos da rede pública, infelizmente, podem dizer que sairam do sistema escrevendo e lendo corretamente e, na faculdade mesmo nós encontramos muito disso. Você como professor deve saber melhor do que ninguém a qualidade de ensino dos alunos ingressantes. Sendo assim a preocupação deveria ser para o melhoramento no ensino e não em concepções que não lhe cabe competência.


Sobre os PS: Nunca parei para pensar nisso as é verdade...vejo tantas críticas ao Bolsonaro, mas a única diferença é que ele é claro no que diz. Enquanto uns se utilizam de falácias e discursos bem redigidos e direcionados, opostamente às suas ações.


Beijos dears!!!

Anônimo disse...

Eu sou a favor. Não é mesmo papel da escola só educar ou só ensinar. É na escola que se formam os grupos. É lá que vc começa sua "turma". É na escola que a gorda é chamada de baleia, que o garoto que usa óculos é chamado de quatro olhos, que o menino afeminado é chamado de viadinho. A escola não pode ignorar isso e seu papel tb é dizer que a vida alheia é problema alheio, ensinar respeito tb faz parte da educação escolar, já que seu pai não te ensina isso em casa. É dizer que o gay é gay e ponto final. O que tem mais pra dizer sobre isso, além de que ele deve ser respeitado e não ser surrado na rua em razão de ter nascido gay? Mais nada. Acaba aí. Mas se as famílias educassem seus filhos para respeitarem o jeito de ser alheio, as escolha alheias, não precisariamos do "kit gay" (nome ridículo do sr. BOÇALnaro), não precisaríamos da intromissão da escola nesse assunto, como não precisaríamos das Delegacias das Mulher nem da Lei Maria da Penha e seus Juizados de Violencia Doméstica e Familiar contra a Mulher, se fôssemos respeitadas pelos homens em razão do gênero. Infelizmente, acho oportuno e necessário que a escola se meta no assunto. Dilma só vetou em razão de uma troca, não foi nada da história de que achou inapropriado. Eu e o coelhinho da páscoa acreditamos muito nessa história.

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