segunda-feira, 27 de junho de 2011

É Guerra, Santa?

Nada como uma bela noite de sono! Baterias recarregadas, lá vamos nós! Bigmouth Strikes Again!

Pois é, o assunto do dia foram os tais cartazes gigantescos que o pessoal da Parada Gay colocou ao longo da Avenida Paulista. Não sabe do que estou falando? Eram ao todo 170 cartazes - com santos católicos peladões em poses sensuais - nos quais se lia  "Nem Santo Te Protege" e "Use Camisinha". Sim, isso que você leu. E o tema da Parada era "Amai-vos uns aos outros". E havia um carro só com representantes de igrejas solidárias à "causa gay"...

Não sei quem teve esse ideia de jerico, mas confesso que eu fiquei constrangido só de ver pela TV. Achei de extremo mau-gosto, uma atitude imatura, por isso não vou colocá-las aqui no blog. Você pode estar me chamando de puritano (já fui chamado de coisas piores), mas eu já explico. Não sou contra as artes mais polêmicas, muito pelo contrário. Mas não dá pra ser hipócrita. Se pelo menos os organizadores tivessem assumido que o objetivo era chocar mesmo, continuaria sendo algo estúpido, mas seria pelo menos algo estúpido mais sincero. Pelo contrário, em entrevista ao Estadão,  Ideraldo Beltrame, o presidente da Parada, deu a seguinte explicação: 

"Nossa intenção é mostrar à sociedade que todas as pessoas, seja qual for a religião delas, precisam entrar na luta pela prevenção das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Aids não tem religião"

Aham, Ideraldo, senta lá! 

200% da militância gay (maravilhosamente definida pelo nosso querido Fred como "gays sindicalistas") tem origem em partidos de esquerda, que aprenderam na cartilha de Marx que o único caminho possível para promover a revolução é o da "luta de classes", na qual quem é oprimido deve se voltar contra o opressor. Mas com o crescimento da classe média, a luta de classes ficou démodé. E os nossos esquerdistas aprenderam que ter dinheiro é muito bom e não estão a fim de socializar a bufunfa com ninguém. Dos partidos levaram essa forma de lutar por algo para o movimento gay. Sai a luta de classes, entra a luta entre grupos gays e religiosos. O finado PL 122 que nos diga... Nem vejo maldade nas mentes deste povo, é a única forma que conhecem de lutar por algo - uma forma limitada, mas nada os impede de repensar seus métodos.  Acho isso um porre! Ou melhor, uma ressaca, pois porre ainda tem seu lado legal. 

Guerra Santa? Sábado passado eu comentava com o maridão, e ele mandou eu colocar a pergunta por aqui: O Brasil é campeão de assassinatos de gays? Ok, não creio nestas histórias, mas admitindo que seja verdade, eu pergunto: Quantos assassinatos de gays foram causados por evangélicos ou católicos fanáticos? Desconfio que o número seja algo próximo do zero. "Pô, mas os evangélicos acham que vamos todos pro inferno". Ok, eles que pensem, é um direito deles. Ninguém é obrigado a me amar só porque eu sou gay... cada um no seu quadrado. 
Não fui convocado para uma guerra santa. Não contem comigo nessa "luta", pois ela não é minha. Não consigo imaginar no que a história dos tais pôsteres possa ser útil no combate ao preconceito e a "homofobia" (piada interna: sollte ich "Homofobismo" sagen, Liebe?) . Mas consigo ver como ela pode ser útil a uma militância que vai se fazer de vítima se a igreja católica resolver reagir. Esse filme é velho, arrastado, e o final é pra lá de previsível. O cardeal d. Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, declarou, na mesma entrevista:

"A associação das imagens de santos para essas manifestações da Parada Gay, a meu ver, foi infeliz e desrespeitosa. É uma forma debochada de usar imagens de santos, que para nós merecem todo respeito. Vamos refletir sobre medidas cabíveis para proteger nossos símbolos e convicções religiosas" 

E concluiu com uma frase que considero a moral da história: 

"Quem deseja ser respeitado também tem de respeitar." 

Concordo plenamente! 

Lendo as notícias hoje, fiquei com uma pergunta martelando na cabeça o dia inteiro: só católico pega AIDS? Pô, o pessoal da Parada Gay não se preocupa com os muçulmanos? Queria só ver se eles seriam "machos" o suficiente para fazer pôsteres com um Maomé nas mesmas poses homoeróticas sensuais dos santos... Chutar cachorro morto é fácil, católico não faz barulho, não reage, e ainda por cima oferece a outra face.... Já não se fazem mais iconoclastas (jogue no Google) como antigamente...

11 Comentários:

Anônimo disse...

Se tivesse como assinar meu nome com SANGUE,eu assinava AQUI e AGORA!
Bombou Big Mouth!

FOXX disse...

desculpa se eu soar grosso, não é a intenção mas...

seu discurso sobre a militância ser oriunda de esquerda é no mínimo desinformado dado a presença maciça de grupos como o Diversidade Tucana dentro da programação da Parada Gay.

definitivamente, seu comentário soou apenas como um definição preconceituosa sobre a militância...

(novamente, desculpe se soou grosso demais, não foi o objetivo)

Diego Hatake disse...

Não vi esses cartazes - na verdade vi nada da parada gay até porque não vi mais protestos, vi mais uma tentativa de micareta - mas achei de mau gosto só pela descrição. O problema é que muitos confundem as coisas, generalizam questões religiosas, alguns realmente encaram a militância gay como guerra santa, é lamentável. E falo isso por ser cristão e gay. Esse tipo de exagero, polêmica de baixo calão, eu não gosto. Exijo respeito, mas dou respeito também. Abraços!

DPNN disse...

Foxx, não foi nada grosso, viu? Pode ficar relax. É claro que pode até existir remotamente um grupo militante gay que não tenha essa origem, mas é a exceção que só confirma a regra. E, convenhamos que PSDB não é exatamente um partido de direita, né? Eles mesmos se definem como de centro-esquerda. Eu acho que os tucanos são apenas os irmãos mais discretos dos petistas, pois em muitos casos são bem parecidos.


Examinando os trios deste ano, temos vários ligados a sindicatos e partidos de esquerda, como:

- Oficial da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT)
- Central Única dos Trabalhadores (CUT)
- Sindicato Apeoesp (Professores)
- Visibilidade de Travestis e Transexuais (APOGLBT)
- Grupo de Prevenção da DST/AIDS (APOGLBT)
- Visibilidade Lésbica (APOGLBT)
- União Nacional dos Estudantes (UNE)
- Sindicato dos Comerciários
- Salete Campari (foi candidata a deputado estadual pelo PDT)
- ONG ABCD's (Santo André)
- Trio da Paz (Instituto Sou da Paz)

Dois eram da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (CADS) da Prefeitura de SP.


E apenas estes aqui eram da iniciativa privada ligada ao mundo GLS:

- Orion Cosméticos
- Nostro Mondo
- Site Disponivel.com


O engraçado é que, enquanto a militância segue um discurso dicotômico e maniqueísta de sindicatos e partidos políticos, o público que vai à parada está mais para o espírito "nostro mondo","orion cosméticos" e "disponível.com", ou eu estou enganado?

Anônimo disse...

a ideia de utilizar santos na prevenção às DSTs não favorece em nada nossa situação.
Não são essas mesmas pessoas que ficam tanto pedindo o beijo gay no horário nobre?Se forem,já está explicado.

Beijos.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Assino em baixo neste seu comentário:

O engraçado é que, enquanto a militância segue um discurso dicotômico e maniqueísta de sindicatos e partidos políticos, o público que vai à parada está mais para o espírito "nostro mondo","orion cosméticos" e "disponível.com", ou eu estou enganado?

Fred disse...

Gente... vcs tão muito tensos... hahaha... vamos relaxar que aqui tá frio e o tio não pode se estressar, tzá. Agora esse lance dos santos pelados é de um idiotice que entedia... Hugz!!!!!

Unknown disse...

Eu discordo. Sou temente à Deus e devoto de alguns santos, mas o livre arbítrio que temos nas leis dos homens, foi dado também por Ele.
Não podemos culpar os santos, Jesus ou Deus por pegar um HIV, por exemplo.
É o tipo de coisa que nenhum santo pode proteger.
E se chocar com um tipo de slogan assim, a meu ver, é puritanismo demais.

DPNN disse...

Junnior, não sou contra a blasfêmia, até faço bom uso dela, e uma das minhas bandas preferidas de todos os tempos (Christian Death) foi mestre nesta arte. O problema do uso destes cartazes na Parada é fingir que está fazendo isso como campanha contra a AIDS, isso sim eu acho hipocrisia. É claro que a intenção era provocar, e não "conscientizar" os católicos ali presentes que eles devem usar camisinha, né?

Anônimo disse...

Chocou msm, mas o choque faz vc prestar mais atenção na coisa. Vc blasfema msm: come carne de porco, né?

varzo disse...

acho que não foi nada demais, aliás, acredito que isso é uma das formas para que os gays sejam banalizados. E isso não é uma coisa ruim de todo. Através disso é que nos tornamos visíveis, palpáveis, criticáveis e etc. A tolerância está intrinsecamente ligada a banalização ou a exposição ao extremo. E ainda bem que não somos unânimes. Agora, será que vamos demorar muito ainda para nos livrarmos deste ranço religioso?

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