Criança - Esperança?
A cena: este que vos escreve, no metrô, sentado e ouvindo música, alheio ao que se passa no vagão.
O trem para na estação e sobe um casal lésbico com um garotinho de uns seis anos.
Uma delas - uma morena de fazer peão de obra parar o serviço - falava ao celular, naquele tom de voz tão alto que descartaria o aparelho. Abaixei o volume e, como bom curioso que sou, passei a prestar atenção na conversa.
A morena contava que decidira ir morar com a Cássia - uma lésbica japonesa. Pensei comigo mesmo: “é a primeira lésbica japonesa que eu vejo”. Cabelo curto, boné, sem seios - passava facilmente por um rapaz oriental. Ambas se sentaram no banco em frente ao meu. Reparei que estavam realmente com várias bolsas, sacolas cheias de roupas e mochilas. Acho que era a mudança completa.
O garotinho era muito bonito e esperto. Esperto até demais - sabe aquela criança que não cala a boca um segundo? Pois ele se sentou ao lado de uma senhora que voltava do trabalho. Negra, ar cansado, no alto de seus 60 e alguns, tudo o que queria era voltar quieta para casa. Mas o garotinho puxava assunto e ela não resistiu e começou a conversar com ele. Ele perguntou sobre ela, de onde vinha, onde morava etc - então se apresentou, depois apresentou sua mãe. E com a maior naturalidade do mundo, virou-se na direção da japonesa, apontou para ela e disse:
- E essa é a namorada da minha mãe, o nome dela é Cássia.
A senhora congelou na mesma hora! Mas o garotinho prosseguiu:
- A gente vai dormir lá na casa dela. Ela tem um cachorro!
A senhora, que até então estava conversando com ele, ficou quieta. Mas o garoto não se dava por vencido. Olhou bem na cara da senhora e falou:
- Você não tem dente?
E ela:
- Claro que tenho.
E ele:
- Então sorria! Você não é feliz? Eu sou, olha! (e deu o maior sorriso do mundo)
A senhora não sorriu, continuou com a cara fechada. Mas lá do meu banco eu sorri na mesma hora e ele percebeu. Tanto que falou para ela, apontando para mim:
- Tá vendo aquele moço? Ele é feliz!
Fiz sinal de positivo com o dedo. Desci antes deles e fiquei imaginando a vida do trio.
E pensar que muita gente ainda acredita que um casal gay pode influenciar negativamente uma criança...
13 Comentários:
Que fofo... Parece cena de filme. Droga queria ter pensado em algo assim pra escrever em um livro! XD
Ai que fofo...
Queria ter passado por algo assim tbm...
I essa senhora eim, nem pra dar o braço a torcer...
Que fofo ele :D
"ela tem um cachorro" hauahuhaahua ele todo feliz com a nova vida que ia levar morando com a namorada da mãe. Pena que a senhora foi tão insensivel com o menino...Acredito que as pessoas reagem assim pq acham que é impossivel haver felicidade em relacionamentos assim.
Uma pena!
Isso pq vc nao conhece minha sobrinha mais nova.kkkkkk.
Cara,eu li esse post depois do almoço.Me segurei para nao chorar.Tem certas coisas/fatos (como o sorriso de uma criança) que nao tem preço.
Beijos.
bem, qm tentou influenciar negativamente a criança foi a senhora com qm ele conversava, né?
Por estas e outras é que continuo gostando da vida e acreditando no mundo ... Ser feliz é um estado de espírito independente das coisas ... #FATO ... uma experiência e tanto esta vivida por vc ...
bjão
ps: vi seu coment no blog do Melo e digo q não me senti ofendido, muito pelo contrário ... isto aqui é uma roça mesmo ...
Valeu, guri! Hugz!
que coisa mais cotidiana, parece ter pulado de uma crônica.
crianças são mesmo assim simples e sem julgamentos salvo adultos que as induzam a isso.
da última vez que fui ver meus sobrinhos, um deles, uns 9/10 anos perguntou: 'Tio, e o Wanderson? Tá bem?', pasmei!
esse relato é de encher mesmo a gente de otimismo e fé em coisas melhores
que lindo! que lindo! que lindo!
criança é foda!
bjo
Ainda bem que a senhora do lado , não surtou!
Não surtou por pouco! :p
Mas sobre a viagem, sei lá, não conheço o nome de rua quase nenhuma. Eu estava apenas acompanhando o fluxo. Fui onde eles achavam mais pertinente para uma pessoa com o meu perfil.
uau... por isso adoro crianças... mas onde vai parar esta descontração toda quando crescemos??? por que nos esquecemos de como a vida é simples e de que não precisamos de firulas???
Não sou muito fã de crianças (pelo menos no aspecto da convivência diária), mas nesses casos eu as acho incríveis.
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