terça-feira, 2 de agosto de 2011

Criança - Esperança?

A cena: este que vos escreve, no metrô, sentado e ouvindo música, alheio ao que se passa no vagão.
O trem para na estação e sobe um casal lésbico com um garotinho de uns seis anos.
Uma delas - uma morena de fazer peão de obra parar o serviço - falava ao celular, naquele tom de voz tão alto que descartaria o aparelho. Abaixei o volume e, como bom curioso que sou, passei a prestar atenção na conversa.

A morena contava que decidira ir morar com a Cássia - uma lésbica japonesa. Pensei comigo mesmo: “é a primeira lésbica japonesa que eu vejo”. Cabelo curto, boné, sem seios - passava facilmente por um rapaz oriental. Ambas se sentaram no banco em frente ao meu. Reparei que estavam realmente com várias bolsas, sacolas cheias de roupas e mochilas. Acho que era a mudança completa.

O garotinho era muito bonito e esperto. Esperto até demais - sabe aquela criança que não cala a boca um segundo? Pois ele se sentou ao lado de uma senhora que voltava do trabalho. Negra, ar cansado, no alto de seus 60 e alguns, tudo o que queria era voltar quieta para casa. Mas o garotinho puxava assunto e ela não resistiu e começou a conversar com ele. Ele perguntou sobre ela, de onde vinha, onde morava etc - então se apresentou, depois apresentou sua mãe. E com a maior naturalidade do mundo, virou-se na direção da japonesa, apontou para ela e disse:

- E essa é a namorada da minha mãe, o nome dela é Cássia.

A senhora congelou na mesma hora! Mas o garotinho prosseguiu:

- A gente vai dormir lá na casa dela. Ela tem um cachorro!

A senhora, que até então estava conversando com ele, ficou quieta. Mas o garoto não se dava por vencido. Olhou bem na cara da senhora e falou:

- Você não tem dente?

E ela:

- Claro que tenho.

E ele:

- Então sorria! Você não é feliz? Eu sou, olha! (e deu o maior sorriso do mundo)

A senhora não sorriu, continuou com a cara fechada. Mas lá do meu banco eu sorri na mesma hora e ele percebeu. Tanto que falou para ela, apontando para mim:

- Tá vendo aquele moço? Ele é feliz!

Fiz sinal de positivo com o dedo. Desci antes deles e fiquei imaginando a vida do trio. 

E pensar que muita gente ainda acredita que um casal gay pode influenciar negativamente uma criança...

13 Comentários:

Diego Hatake disse...

Que fofo... Parece cena de filme. Droga queria ter pensado em algo assim pra escrever em um livro! XD

DMalk disse...

Ai que fofo...

Queria ter passado por algo assim tbm...

I essa senhora eim, nem pra dar o braço a torcer...

Anônimo disse...

Que fofo ele :D

"ela tem um cachorro" hauahuhaahua ele todo feliz com a nova vida que ia levar morando com a namorada da mãe. Pena que a senhora foi tão insensivel com o menino...Acredito que as pessoas reagem assim pq acham que é impossivel haver felicidade em relacionamentos assim.
Uma pena!

Anônimo disse...

Isso pq vc nao conhece minha sobrinha mais nova.kkkkkk.

Cara,eu li esse post depois do almoço.Me segurei para nao chorar.Tem certas coisas/fatos (como o sorriso de uma criança) que nao tem preço.
Beijos.

FOXX disse...

bem, qm tentou influenciar negativamente a criança foi a senhora com qm ele conversava, né?

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Por estas e outras é que continuo gostando da vida e acreditando no mundo ... Ser feliz é um estado de espírito independente das coisas ... #FATO ... uma experiência e tanto esta vivida por vc ...

bjão

ps: vi seu coment no blog do Melo e digo q não me senti ofendido, muito pelo contrário ... isto aqui é uma roça mesmo ...

Fred disse...

Valeu, guri! Hugz!

Alexandre Willer Melo disse...

que coisa mais cotidiana, parece ter pulado de uma crônica.

crianças são mesmo assim simples e sem julgamentos salvo adultos que as induzam a isso.

da última vez que fui ver meus sobrinhos, um deles, uns 9/10 anos perguntou: 'Tio, e o Wanderson? Tá bem?', pasmei!

esse relato é de encher mesmo a gente de otimismo e fé em coisas melhores

Dan disse...

que lindo! que lindo! que lindo!
criança é foda!

bjo

Anônimo disse...

Ainda bem que a senhora do lado , não surtou!

Lobo disse...

Não surtou por pouco! :p

Mas sobre a viagem, sei lá, não conheço o nome de rua quase nenhuma. Eu estava apenas acompanhando o fluxo. Fui onde eles achavam mais pertinente para uma pessoa com o meu perfil.

varzo disse...

uau... por isso adoro crianças... mas onde vai parar esta descontração toda quando crescemos??? por que nos esquecemos de como a vida é simples e de que não precisamos de firulas???

cubcub disse...

Não sou muito fã de crianças (pelo menos no aspecto da convivência diária), mas nesses casos eu as acho incríveis.

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