segunda-feira, 24 de outubro de 2011

TRIP: A Homossexualidade Precisa Deixar De Ser Tema

Está todo mundo comentando sobre a revista TRIP deste mês, que traz um número especial todinho abordando a questão da diversidade sexual. Diversidade de verdade é algo sempre saudável - mas tem de ser DE VERDADE. Infelizmente, na maioria das vezes, as pessoas usam o termo “diversidade” só da boca pra fora, pois no fundo querem mais é eliminar as diferenças e igualar todo mundo. Acho isso triste, autoritário, mas acima de tudo, acho uma falta de inteligência total. Pelo que eu vi sobre a revista, ali realmente tem de tudo: tanto coisas bacanas como babacas... E é sempre bom que seja assim. Quando todo mundo diz a mesma coisa, só posso concluir que há algo de muito errado. Mas estou fugindo do assunto...

Voltando à revista: desde já tenho de ressaltar um ponto que não deixa de ser bastante irônico. Não é incrível que as famosas revistas gays brasileiras nunca tenham mostrado dois homens se beijando em suas capas e seja justamente uma revista voltada ao público hétero que venha a fazê-lo?????  Sempre disse que a ideia-fixa de beijo gay em novela é uma grande hipocrisia, pois os gays “exigem” que a ficção mostre algo que eles mesmos não fazem no mundo real... O caso da capa da TRIP é um ótimo exemplo. E mostra também que continuamos ingratos em relação aos simpatizantes, pois são eles que realmente têm conseguido romper a barreira de preconceito – de duas vias – entre gays e heterossexuais, mostrando que todos somos da mesma espécie e vivemos no mesmo mundo. Que tal nossos “defensores” arriscarem perder patrocínio e começarem a pedir beijo gay na capa da G Magazine, por exemplo?

Seja como for, palmas para a TRIP. E assino embaixo o seguinte texto, da coluna “Antivírus”, da revista:

“Ora, a homossexualidade precisa deixar de ser tema. Ou, em outras palavras, o tema da homossexualidade só estará resolvido quando não precisar mais ser debatido e defendido. Quando a Trip não precisar mais ter uma edição com esse assunto estampado na capa. Quando a orientação sexual de cada um não for motivo de vergonha nem de orgulho. Quando ninguém mais pensar nisso na hora de qualificar uma pessoa. Quando a orientação sexual não for mais relevante no julgamento dos indivíduos do que (parafraseando Bob Marley em “War”) a cor dos olhos. (...) Com todos os defeitos que têm, as sociedades ocidentais (Brasil incluído) estão entre as mais tolerantes da história. As atitudes contra minorias religiosas, étnicas e de orientação sexual têm sido bastante combatidas, com variados graus de sucesso, mas numa curva de melhora constante. Em 1990 a Organização Mundial de Saúde deixou de considerar a homossexualidade como uma doença ou um desvio de conduta. A democracia, não custa lembrar, é menos a vontade da maioria (que facilmente se transforma em ditadura) do que o respeito às minorias. Em todo caso, no ponto em que estamos, embora sejam fundamentais ações do estado, da mídia, de escolas etc., a tarefa cabe principalmente a cada um de nós. Exercitando-nos na prática da tolerância todos os dias, o tempo todo.

Até que enfim vejo alguém que vive no mesmo mundo em que eu! Em dois parágrafos o cara sintetizou tudo o que eu sempre pensei sobre ser gay e o modo como eu conduzo minha vida em relação a isso. Há dois anos venho dizendo isso aqui no blog!

Você leu a revista? O que achou? 
 .

14 Comentários:

Unknown disse...

Sabe que a matéria que eu ia escrever era exatamente esta? Estava procurando fotos no Google e, por acaso, me chamou a atenção a da revista Trip e acabei desviando o foco pra ler a respeito. Mas, estava atrasado com relação ao Arisa/Tel Aviv e achei que domingo seria uma bom dia para escrever sobre ele/ela.

Anônimo disse...

eu achei a capa bem bonita, o tom das cores... achei lindo mesmo
não tive a oportunidade de ler a revista, mas também concordo com o que foi dito no post, é bem assim que eu penso e odeio muito essa militância por beijo gay em novelas. mega chato esse chororô

Unknown disse...

Li não, mas acho que concordo que temos que valorizar os simpatizantes. O que não sei é se já é hora de parar com os megafones - não me lembro por quanto tempo tiveram que queimar sutiãs na rua pras mulheres ganharem (akgum) respeito, pra comparar. Mas existem outras maneiras de educar a sociedade. Talvez a nossa esteja ultrapassada.

Fred disse...

Eu tenho certeza de que é bem por aí mesmo. Tu sabes. Hehehe! E se tu parece o número 7 a gente acha muito - mas muito - bom. Hahahaha! Modéstia zero é um charme. Eu aprecio. Tu tb sabes! Hahahaha!

Anônimo disse...

Interessante a matéria.

Lobo disse...

Concordo muito com esse texto. Mas ao mesmo tempo, assim como o Edu, antes de chegar nesse ponto a gente ainda tem que queimar muita cueca.

Mas como assim não tem locadora ai? Aqui tem de monte, em toda esquina! :p

FOXX disse...

eu não li, preciso comprar. e concordo. estou estranhando muito como tenho concordado sempre com vc. qm tem mudado: eu ou vc? hauahuahauahaua

Frederico disse...

não li a revista ainda, mas parece ser muito boa a maneira que ela aborda o assunto

Fred disse...

Equipe de escravos nerds é puro luxo! AdoGGGo!!!! Hugz, man!

Alexandre Willer Melo disse...

putaquepariu!

acho muito válido isso da Trip aiemcima, não li mas quero demais ler para poder opinar.

taí algo que não tinha visto, as revistas gays (quais? existem mesmo) nunca fizeram isso, promovem é macho sarado ou que versa rolão na capa quando não vigia as magras/finas/fashionistas/ricas/descoladas para que as demais não saiam por aí sendo o que só a elitiznha aviadada pode ser..

não temos uma revista sequer que trate mesmo nossas vidas com um pouco de autoridade e sinto mas acho mesmo que precisamos ter uns viados nas novelas e afins ao menos até que viado seja menos um item pejorativo e mais uma brincadeira entre nós mesmos..

S.A.M disse...

Meninos, eu preciso ler essa birosca, só foi do que se falou..]


Eu partilho essa perspectiva. Muito do que se fala depende (também) de nós,mas não apenas.

Beijopros2

Fernando Munhoz disse...

Não cheguei a ler a revista, mas acima de tudo, achei corajoso. E concordo com tudo que você disse. Revista Gay só mostra caras saradões de necas pequenas e que fazem questão de declarar: "Pô foi difícil ficar de pau duro, precisei de uma PLAYBOY pra isso." Eca!

Wans disse...

Cara, quero muito ler essa revista. E acredito que ela vá vender mais com a capa e a matéria do que jamais vendeu.

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