terça-feira, 13 de março de 2012

Há Uma Luz Que Nunca Se Apaga!


Sabe um daqueles momentos em que você tem a absoluta certeza de que a vida vale muito à pena? Domingão, maridão e eu saímos do show do Morrissey neste estado de espírito, pois a apresentação foi MARAVILHOSA!  Mas vamos começar “pelo começo”.

Topetes devidamente arrumados (e devidamente amassados nos capacetes), pegamos a moto e fomos vagar pela Barra Funda procurando o tal Espaço das Américas, onde ocorreu o show. Mas não sem antes cair o maior dilúvio e ficarmos ilhados num posto de gasolina cheio de adolescentes insuportáveis, do sexo feminino e do “terceiro sexo”, se comunicando por meio de gritos e berros histéricos. Foi só a chuva diminuir um pouco para a gente sair de lá correndo.

Quando chegamos ao local do show, uma fila gigantesca, cheia de fãs molhados, mas totalmente animados. Entramos e conseguimos um local razoavelmente perto do palco. Foi nossa sorte: a casa, definitivamente, não foi feita pra receber um show daqueles, e a organização do evento falhou muuuuuito: o ar condicionado não funcionou e a casa parecia uma sauna mista. Os telões não foram ligados – quem ficou mais no fundo só ouviu o show (se bem que alguns me disseram que lá o som era ruim e nem ouviram direito). As bebidas custavam os olhos da cara (e mais o aluguel do terceiro).

E eu ainda disse que a apresentação foi MARAVILHOSA? Sim, foi e muito mais! Então vamos pro lado bom da força: a noite começou com a cantora americana Kristeen Young subindo ao palco para cantar por meia hora. Sozinha, com um teclado e alguns samplers, diante de uma plateia impaciente, molhada e louca para ver seu ídolo. A música e a voz da garota lembram muuuuito a Bjork. Eu gostei, maridão entranhou no começo, mas depois curtiu também. Perto de nós havia um idiota gritando “fora” (duplamente idiota, pois o show constava da programação e o mala gritava em português), mas em geral o público respeitou a cantora. E tenho certeza de que muitos que reclamaram curtem a Bjork e achariam o máximo ela fazer a mesma coisa...

Mas o melhor da noite ainda estava por vir. Como vocês estão carecas (not) de saber, a música do Morrissey teve um papel importantíssimo na minha vida. Eu era um daqueles adolescentes deprimidos e desesperançados com a vida e me via totalmente em suas letras. Maridão também passou pelo mesmo. E lá estava, no palco, um Morrissey totalmente diferente do que a gente esperava. A idade fez bem a esta dupla, que hoje em dia passa longe do que foi na adolescência, mas fez igualmente muito bem ao cantor. O que vimos ali não era o Morrissey distante, era justamente o oposto! Um cara maduro, muito bem humorado, sabendo conduzir o show de modo a agradar ao público. E, visivelmente, estava se divertindo naquela noite. Brincou, fez piada, e até nas tradicionais alfinetadas à família real dava pra ver que tinha um tom jocoso. O melhor foi ver que ele montou um setlist para agradar a todos os fãs: desde clássicos dos Smiths, passando por hits de sua carreira solo, sem deixar de lado os sucessos mais recentes. É claro que sempre se pode pensar em uma ou outra que ficaram de fora, mas com uma discografia daquelas um show que agradasse a todos duraria 24 horas.

Alma Matters”. Inacreditável. Quando o solo de bateria deu início a “Still Ill” eu não me segurei mais. Um dos hinos da minha vida, uma das minhas canções preferidas de todos os tempos sendo cantada ali... berrei , gritei, me emocionei, soltei todas as frangas do mundo e um pouco mais. Lavei a alma com aqueles versos doloridos: "Mas não podemos nos agarrar aos velhos sonhos/ Não, não podemos mais nos agarrar àqueles sonhos/ O corpo governa a mente, ou a mente governa o corpo? Eu não sei.../ Nos beijamos sob a ponte metálica/ E apesar de eu ter ficado com os lábios doloridos/ Não foi mais como nos velhos tempos/ Não, não foi como naqueles dias/ Eu ainda estou doente?" Mas ainda teria muito mais pela frente, logo depois veio o mega-hit "Everyday Is Like Sunday". Ah, se todos os dias fossem como aquele domingo!

A catarse coletiva veio com “There Is A Light That Never Goes Out", uma das maiores canções de todos os tempos. Nuncaantesnestepaís eu chorei num show, mas ali foi difícil segurar as lágrimas. A letra desta música é exatamente o que sinto quando estou com o maridão e ilustra muito bem nossas andanças pela noite (e que vocês leem por aqui) basta trocar o carro pela moto. Dei um beijo no maridão e cantamos juntos, abraçados e felizes que só. Um momento mágico que vou carregar pro resto da vida. E o Morrissey ainda fez a alegria bônus do maridão com a lindíssima canção “Please, Please, Please Let Me Get What I Want”.

A noite já estaria perfeita, mas o Morrissey ainda me fez o favor de cantar a minha música preferida dos Smiths, aquela que mais ilustra minha fase deprê da adolescência, e provavelmente de todo garoto gay trancafiado no armário naqueles tempos (mas com muito bom gosto musical): “How Soon is Now”!  Foi uma viagem no tempo ao cantar versos como “Eu sou humano e preciso ser amado – igualzinho a todo mundo!” e relembrando minha noites no Madame Satã, Retrô e baladas góticas da época  ao cantar “tem uma balada, se você quiser ir / onde  você poderia encontrar alguém que te ame de verdade/ Então você vai - e você fica sozinho!/ E você vai embora sozinho/ você volta pra casa/ e você chora e você tem vontade de morrer!” 

O bom é que agora eu já saio de casa com alguém que me ama de verdade, que fica comigo na balada, volta pra casa comigo...e tudo o que eu quero é viver bastante ao lado dele! Saímos do show com nossas expectativas pra lá de superadas, trocamos a imagem que tínhamos do Morrissey por uma outra muito melhor. Show nota dez! Não curto essa coisa de ser saudosista, nem aquela postura de velho que acha que tudo no seu tempo era melhor, mas fiquei feliz de ter descoberto minha paixão pela música e ter me tornado adulto tendo uma trilha sonora assim, que resistiu ao tempo e ainda é capaz de emocionar - só que agora, a emoção é felicidade. É assim que as pessoas amadurecem!
  
"First Of The Gang To Die"
"You Have Killed Me"
"Black Cloud"
"When Last I Spoke To Carol"
"Alma Matters
"Still Ill"
"Everyday Is Like Sunday"
"Speedway"
"You're The One For Me, Fatty"
"I Will See You In Far-Off Places"
"Meat is Murder"
"Ouija Board, Ouija Board"
"I Know It's Over"
"Let Me Kiss You"
"There Is A Light That Never Goes Out"
"I'm Throwing My Arms Around Paris"
"Please, Please, Please Let Me Get What I Want"
"How Soon is Now"
"One Day Goodbye Will Be Farewell"

7 Comentários:

FOXX disse...

gato, vou até reler, qm sabe dormi e não vi...
o q signficia essas camisas ASSAD IS SHIT?

Ma disse...

Se inveja matasse eu já tinha entrado em combustão espontânea x.x

DPNN disse...

Foxx, nesta turnê o Morrissey tem colocado frases com mensagens e críticas na camiseta da banda (menos no RJ, onde eles tocaram só de sunga amarela - e o guitarrista vestido de drag queen). O "Assad Is Shit" usado aqui se refere ao presidente da Síria,Bashar Al Assad.

Ma, com certeza você teria adorado, mas desconfio que depois desta turnê ele volte ao nosso continente mais vezes, pois ficou fascinado por Santiago do Chile.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Inveja não mata ... agora tenho certeza disto ...

bjão

Unknown disse...

Li nos jornais uma crítica meio ruim sobre o show. O que importa é que vocês curtiram muito. Show.

Fred disse...

Que bom que curtiram!
E tu sabes que eu tinha achado lembrava o vampirão orginal... mas não liguei o nome a pessoa na hora! Hugz!

Tainá Rei disse...

Aqui no Rio tiveram os mesmos problemas de organização, mas os caras tocaram sem camiseta! haha Show INCRÍVEL, Meat is Murder, How Soon is Now? e I Will See You... foram as melhores partes pra mim :DD

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